Depois de mais de dez anos de luta, a comunidade indígena Guyraroká teve os limites de suas terras reconhecidas por meio de uma portaria publicada pelo Ministério da Justiça. A comunidade é do povo Guarani Kaiowá e tem suas terras no município de Caarapó, sul do estado do Mato Grosso do Sul. O coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Egon Heck, explica que este é um dos passos para a demarcação definitiva da área.
“Significa de fato um passo importante, porque é oficialmente um reconhecimento pelo poder executivo dos efetivos limites da terra indígena. Não significa ainda a efetiva tomada de posse dessa terra por parte dos índios, porque ainda tem outros passos que são a demarcação física, a homologação e o registro dessa demarcação.”
Em meados de 1990, as mais de 30 famílias de Guyraroká foram expulsas de suas terras tradicionais e viveram por quatro anos em beiras de estrada. Em 2003, as famílias retornaram para o local de origem. Desde então, podem ocupar apenas uma parte de toda área.
“Agora tem apenas um pequeno tempo para contestar a área – de dois meses – e depois poderiam prosseguir com a colocação dos marcos de concreto determinando onde passa os limites. Existe muita pressão contrária a qualquer demarcação. Principalmente nessa área tem grande interesse de políticos e usineiros.”
A comunidade Guyraroká é apenas uma parte do grupo de mais de duas mil pessoas da etnia Guarani Kaiowá, que continuam sendo expulsas de suas terras no Mato Grasso de Sul. Desde 2006, o Ministério da Justiça não publicava uma portaria delimitando terras do povo Guarani Kaiowá nesse estado.
(Por Aline Scarso, Radioagência NP / Brasil de Fato, 09/10/2009)