Os constantes períodos de chuvas, aliados a longos períodos com baixa luminosidade, de um modo geral, têm prejudicado a implantação e o desenvolvimento das culturas de verão. As mais afetadas são o tabaco, feijão e principalmente as olerícolas.
O período de intensificação de plantio das culturas de verão também tem se caracterizado por temperaturas e umidade variadas que causam o aparecimento de pequenas manchas nos caules ou folhas, bem como, folhas encarquilhadas, observando-se principalmente estas manchas e/ou depressões nas nervuras na parte inferior das folhas. Conforme os técnicos do Escritório Municipal da Emater/RS-Ascar, estas condições são altamente favoráveis à ocorrência de fungos e bactérias, principalmente em hortaliças como melancia, pepino, tomate e melão.
Os técnicos explicam que uma alternativa que reduz estes problemas é a cobertura com palhada na linha de plantio e parte das entrelinhas, que evitará os respingos das gotas de água que atingem diretamente o solo e que colocam em contato com as folhas fungos e bactérias que estão presentes na terra, iniciando um ciclo de infestações que leva o produtor a aplicar diversos produtos químicos, na tentativa de conduzir a planta até a produção final gerando altos custos financeiros e de impacto ambiental. "Em muitos casos, mesmo com tratamentos químicos, as plantas não resistem e morrem", observam os técnicos, acrescentando que são doenças que são favorecidas por temperaturas baixas associadas ao excesso de umidade.
Os técnicos ainda alertam que o produtor também deve atentar para as deficiências das culturas, de modo especial, as hortaliças, uma vez que o excesso de chuvas vai levando a adubação e lixiviando o solo, a possibilidade de deficiência no solo é ainda maior.
As culturas onde as deficiências são mais notadas são o repolho, couve-flor e brócolis, que estão presentes praticamente em todas as hortas comerciais e caseiras de consumo familiar. Na avaliação dos técnicos, as doenças são geralmente mais fáceis de serem controladas por medidas de prevenção. As deficiências nutricionais, como a de boro e o molibdênio podem ser prevenidas pela aplicação desse micronutriente no solo e eventualmente no início do ciclo da cultura em pulverização foliar. A falta do micronutriente boro causa no repolho a podridão interna na formação da cabeça a qual, às vezes, muitos confundem com doença e na couve-folha podem causar o chamado ‘talo oco’, principalmente quando temos uma couve plantada por um longo período. Na couve-flor a deficiência de boro apresenta pintas escuras na flor bem próxima da colheita, o que também pode ser confundido com doença.
O molibdênio também é um micronutriente que é essencial para o desenvolvimento destas culturas. Sua deficiência pode causar a diminuição de tamanho das folhas, também apresenta folhas tortuosas e as cabeças tem menor desenvolvimento. No consumo na forma de saladas, ao mastigar, a crocância fica alterada.
Também os macro e micronutrientes são extremamente importantes para o desenvolvimento das culturas. Sobre o ponto de vista de disponibilidade natural dos nutrientes no solo e também de absorção pelas plantas, os técnicos enfatizam que os mesmos são escassos e frágeis. Eles acrescentam que um bom referencial é o calcário que balança o Ph do solo. A acidez extrema ou o excesso de alcalinidade na terra não permite que as plantas absorvam os nutrientes e se desenvolvam.
(Folha do Mate, 13/10/2009)