Para mapear a trajetória da gripe A no Estado e definir que parcela da população receberá prioridade de vacinação no primeiro trimestre de 2010, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) planeja iniciar em novembro uma pesquisa inédita, que deverá envolver 5 mil gaúchos. A averiguação incluirá exames de sangue para identificar, dentro dessa amostra, quantas pessoas desenvolveram anticorpos à doença e determinar a exata dimensão da epidemia.
Chamado tecnicamente de inquérito sorológico, o estudo ainda está em fase de elaboração. Com o auxílio de epidemiologistas, o trabalho terá caráter científico e, segundo o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, envolverá pessoas de diferentes classes sociais, faixas etárias, regiões e profissões.
Embora os detalhes ainda não estejam definidos, Terra afirma que a pesquisa deverá começar em novembro para que os resultados sejam conhecidos até o fim do ano. Uma empresa especializada será contratada para fazer o trabalho, acompanhada por uma equipe técnica da secretaria.
Ao serem abordados, os participantes precisarão de responder, entre outras questões, se tiveram algum tipo de gripe no inverno. Além disso, terão sangue coletado para análise laboratorial. Com essa estratégia, será possível saber quantos de fato contraíram a enfermidade e desenvolveram imunidade à moléstia.
– Esse tipo de inquérito já foi feito em 1957 para avaliar a dimensão da gripe asiática. Na época, 55% das pessoas já haviam desenvolvido anticorpos contra a doença. Agora queremos saber da gripe A – explica Terra.
Especialistas elogiam investigação sobre doença
No primeiro trimestre de 2010, o Rio Grande do Sul deverá receber, segundo ele, 6 milhões de doses da vacina contra o vírus H1N1, abrangendo cerca de 60% da população gaúcha. Como inicialmente não haverá doses para todos, Terra espera, com os resultados do estudo em mãos, poder definir com mais segurança quem deve ter prioridade. Ou mesmo solicitar mais doses.
A iniciativa é elogiada por especialistas que atuam na área da saúde. Para o epidemiologista Jair Ferreira, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, se for bem feita, a investigação poderá contribuir para diminuir as chances de uma segunda onda da gripe A no Estado e, dessa forma, preservar vidas.
(Zero Hora, 13/10/2009)