Os preços dos alimentos no mercado mundial devem continuar altos e instáveis no médio prazo, e uma repetição do que ocorreu em 2007 e 2008, quando atingiram um pico, é uma possibilidade realista, segundo relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, na sigla em inglês) divulgado ontem.
De 2006 a 2008, segundo a organização, os preços de alimentos básicos subiram cerca de 60%, enquanto as cotações dos grãos chegaram a duplicar.
Com o pico alcançado em meados do ano passado, houve tumultos em alguns países. Embora tenham registrado um retrocesso, os preços continuam altos e não devem cair para os níveis vistos em 2006, diz o documento, publicado por ocasião de um fórum realizado em Roma, entre ontem e hoje.
"As projeções disponíveis de médio e longo prazos (...) indicam que os preços podem ficar acima dos níveis anteriores a 2006 ao menos no médio prazo", diz o texto. Itens como trigo, arroz, oleaginosas e açúcar refinado podem ficar acima desse patamar até 2018.
A alta de preços como a que se viu de 2007 a 2008 é, segundo a FAO, uma "possibilidade realista" e, segundo o especialista e painelista do fórum Homi Kharas, da Brookings Institution, é "quase inevitável". Segundo ele, os fatores que causaram a disparada de preços -como secas, preços instáveis da energia, o câmbio volátil do dólar e a especulação- podem afetar o comportamento dos preços novamente.
(Reuters / Folha de S. Paulo, 12/10/2009)