O destino quis que dois militantes da causa ambiental cruzassem ontem com uma barbárie contra a qual lutam há pelo menos seis anos.
Integrantes da Associação dos Patrulheiros Ecológicos de São Francisco de Assis, a secretária Sara Brandt, 48 anos, e o marido, o auxiliar administrativo Rogério Luiz Brandt, 49 anos, localizaram duas araras trucidadas e mortas na Avenida João Correa, no centro de São Leopoldo, no fim da manhã de segunda-feira. A brutalidade acabou com o feriado de confraternização do casal com a família e estarreceu a cidade do Vale do Sinos.
Os dois voltavam a pé de compras em um shopping na área central da cidade quando, a cerca de meio quilômetro de casa, perceberam um dos animais no chão. Ao se aproximar, encontraram o segundo exemplar em uma lixeira. Revoltados, eles avisaram a Brigada Militar e a organização não governamental a que pertencem.
Ao chegar ao local, o Batalhão Ambiental de Sapucaia do Sul constatou que as aves – uma azul e outra vermelha – estavam sem as patas. Uma delas ainda estava sem a cabeça e outra havia sido depenada. Francisco Miler, presidente da associação, acredita que as anilhas podem ter sido tiradas para terem serem afixadas em outros animais, criados de forma irregular. Esse procedimento tornaria possível burlar a fiscalização.
– Vou encaminhar uma reclamação formal ao Ibama e ao Ministério Público. Espero que este caso não se torne o primeiro de muitos aqui em São Leopoldo – protestou Miler.
Até a noite de ontem, não havia a identificação dos donos dos animais. A suspeita é de que sejam criadores particulares, porque o Zoológico de Sapucaia do Sul afirmou que os exemplares não fazem parte de seu acervo.
A 1ª Delegacia da Polícia Civil de São Leopoldo investigará o caso. Hoje, a BM deve conferir se as câmeras de vigilância instaladas na região – uma das mais movimentadas da cidade – captaram alguma imagem que ajude a identificar os culpados pelo crime ambiental.
(Por Francisco Amorim, Zero Hora, 13/10/2009)