Peixes, sapos, tartarugas e crocodilos que vivem em rios, lagoas e mangues estão desaparecendo em um ritmo entre quatro e seis vezes mais acelerado que as espécies terrestres ou marinhas, segundo especialistas internacionais que se reúnem a partir desta terça-feira (13/10), na Cidade do Cabo, na África do Sul, para a Conferência do programa Diversitas sobre biodiversidade. "Há evidências científicas claras e crescentes de que estamos à beira de enorme crise de biodiversidade em água doce. No entanto, poucos sabem do catastrófico declínio em biodiversidade em água doce tanto em escala local como global", disse Klement Tockner, do Instituto Leibniz de Berlim.
Segundo ele, as implicações disso para a humanidade são "imensas", porque a perda de biodiversidade afeta a purificação das águas, a regulação de doenças, e a agricultura e pesca de subsistência. O problema teria sido causado pela poluição, pela construção de represas e sistemas de irrigação e pela crescente demanda por água fresca ao redor do mundo, além do aquecimento global.
Metas perdidas
De acordo com os cientistas, as metas de redução da perda de biodiversidade para 2010, estabelecidas na Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica em 2003, não vão ser atingidas.
"Nós certamente não vamos atingir as metas de reduzir as taxas de perda de biodiversidade até 2010 e, como consequência, também não vamos atingir os objetivos ambientais até 2015 dentro das Metas de Desenvolvimento do Milênio da ONU para melhorar a saúde e as vidas das pessoas mais pobres e vulneráveis do mundo", disse Georgina Mace, do Imperial College London, vice-diretora do programa internacional Diversitas.
Mace diz que a biodiversidade é fundamental para que as pessoas tenham comida, combustível, água limpa e um "clima habitável", ainda assim as mudanças dos ecossistemas e a perda de biodiversidade têm crescido continuamente.
"Desde 1992, mesmo as estimativas mais conservadores concordam que uma área de floresta tropical maior que o Estado americano da Califórnia foi transformada em comida e combustível. As taxas de extinção de espécies são pelo menos cem vezes maiores do que eram antes do surgimento dos humanos e elas devem continuar aumentando."
Para os especialistas reunidos na África do Sul, medidas para combater estes problemas precisam ser tomadas com urgência. Entre elas, eles sugerem a criação de um painel para monitorar as extinções similar ao IPCC, o Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas.
(BBC Brasil / Folha Online, 12/10/2009)