Entidade tem 60 milhões de doses doadas para começar a imunização no mês que vem
A Organização Mundial da Saúde (OMS) pretende enviar 60 milhões de doses de vacinas contra a gripe suína para países pobres a partir do próximo mês, como parte de um esforço para auxiliar os sistemas de saúde mais frágeis durante a pandemia. O anúncio foi feito ontem.
A OMS deseja imunizar, nos próximos quatro ou cinco meses, médicos e enfermeiras de cerca de cem países, usando um carregamento de doses doado por farmacêuticas e países ricos, segundo a chefe da divisão de vacinas da OMS, Marie- Paule Kieny. "O alvo primário do primeiro esforço de distribuição são os profissionais de saúde", afirma a especialista.
A entidade já havia alertado que os sistemas de saúde dos países pobres poderiam entrar em colapso se a epidemia se alastrasse entre médicos e enfermeiras, afetando assim o atendimento a pacientes com outras doenças.
Falta
Segundo Kieny, se houvesse doses sobressalentes poderiam ser usadas para grupos de risco como mulheres grávidas e pessoas imunodeprimidas. Mas, de acordo com ela, ainda são necessárias mais doações para atender todos os países que precisam das doses. "Nos países em desenvolvimento, o sistema de saúde é muito mais frágil. Por isso, decidimos nos preparar para a onda iminente de gripe suína", afirmou Kieny.
As farmacêuticas GlaxoSmithKline PLC e Sanofi-Aventis doaram 150 milhões de doses da vacina para a OMS. Cerca de uma dúzia de países decidiram doar 10% dos seus estoques para as nações mais pobres. Mesmo assim, ainda é pouco para os países que dependem da vacina da OMS. Segundo a entidade, seriam necessárias três bilhões de doses para atender toda a demanda.
Segurança
Kieny também sublinhou que as vacinas são seguras , apesar da preocupação com alguns possíveis efeitos colaterais. Uma pesquisa realizada na semana nos Estados Unidos apontou que 38% dos pais não pretendiam dar permissão para seus filhos se vacinarem na escola.
"Temos todas as razões para acreditar que a vacina será segura", afirmou a especialista, exemplificando que, na China, as notificações de efeitos colaterais de intensidade média foram de apenas uma em cada mil imunizações. Ela pondera que a confiança dos pais deve crescer ao notarem que outras crianças estão sendo vacinadas sem sofrer qualquer efeito adverso.
Os governos também deveriam se esforçar mais para convencer as pessoas da importância da vacinação, já que a gripe requer que 70% da população seja imunizada para garantir uma diminuição significativa da circulação do vírus. A OMS pronunciou-se de forma contrária à vacinação obrigatória, mas alguns países poderiam permitir que profissionais de saúde evitassem contato com pessoas que se negassem a receber a vacina.
A pandemia tem demandado esforços, especialmente no Hemisfério Norte. Países como a Arábia Saudita atrasaram o retorno das aulas este mês. Até agora, cerca de 4.500 pessoas morreram com a doença, desde o início da pandemia em abril, de acordo com a OMS. Já existem mais de 375 mil casos da doença confirmados em laboratório, um número bem inferior ao total de casos.
Em números
60 milhões de doses
de vacina contra a gripe suína é o quanto a OMS já conseguiu reunir com doações de farmacêuticas e países ricos
100 países
devem receber as doses nos próximos quatro ou cinco meses, priorizando a imunização de médicos e enfermeiras
4,5 mil pessoas
já morreram com a doença no mundo desde o início da pandemia em abril
10 mil casos
foram confirmados em laboratório no País segundo o último boletim. No mundo, foram 375 mil
(O Estado de S. Paulo, 12/10/2009)