O presidente nacional da UDR (União Democrática Ruralista), Luiz Antonio Nabhan Garcia, disse que o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) "veste a camisa do MST". O Incra reivindica na Justiça terras no interior de São Paulo ocupadas por fazendeiros e empresas. Entre essas propriedades está a fazenda da multinacional Cutrale em Iaras (271 km de São Paulo), invadida pelo MST no dia 28 de setembro e desocupada na quarta-feira, com pés de laranja destruídos e máquinas e imóveis depredados.
O superintendente do Incra-SP, Raimundo Pires Silva, diz que a fazenda está dentro de uma área de 50 mil hectares no centro-oeste do Estado formada por terras da União e ocupadas irregularmente. "Ele [presidente do Incra] recebe dinheiro público e não está no cargo para defender o MST. Tenho certeza de que ele veste a camisa do MST", afirmou o presidente da UDR.
"Ele não pode dizer que a área é da União. Só pode haver um pronunciamento neste sentido depois que houver uma sentença final sobre o caso", afirmou Nabhan Garcia.
Ele diz que as terras foram registradas em cartório e, por isso, as empresas são proprietárias legítimas. "Agora vem o Incra, depois de mais de um século, dizer que as propriedades são devolutas? São décadas de produção e de trabalho destas empresas naquela área." A Folha tentou ouvir o superintendente do Incra-SP, mas não conseguiu localizá-lo. Em entrevista antes das declarações de Nabhan Garcia, ele negou que o órgão tenha uma relação privilegiada com o MST. "Nós nos relacionamos com todos os assentados, organizados ou não", afirmou.
Ele condenou o que chamou de "atos de vandalismo" do movimento durante a invasão da fazenda da Cutrale em Iaras. Silva argumentou que não pretende prejudicar as empresas ao reclamar o direito às terras. Ele afirmou que é falso criar uma oposição entre o Incra e o setor produtivo. Ele diz que é trabalho do Incra é realizar assentamentos e é direito da União reivindicar terras públicas.
(Por Maurício Simionato, Agência Folha, 11/10/2009)