Em meio aos preparativos para a 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 15) da Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorrerá em dezembro, em Copenhage, na Dinamarca, organizações não governamentais (ONGs) como Greenpeace e WWF buscam chamar a atenção da sociedade para as mudanças climáticas. No entanto, outros setores trazem pontos de vista diferentes, que relativizam o problema diante de questões sociais, econômicas e culturais. Na visão de ambientalistas de todo o mundo, o desmatamento – em especial o da Amazônia – é tido como um dos grandes causadores de efeito estufa no Brasil. Ainda que divergentes, as vozes acabam por reiterar a atualidade do assunto.
Para o assessor técnico do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Neilton Fideli, não há como falar em preservação do meio ambiente sem lembrar justiça social. ''Esse debate está fragmentado e não há convenção para o homem. A ecologia deve incluir o ser humano. Como falar de clima enquanto alguns consomem muito mais alimentos do que precisam e outros passam fome?'', questiona. Ele acrescenta que os países desenvolvidos têm uma dívida histórica com os emergentes. ''Não podem cobrar a mesma taxa de redução de emissões para nós e para eles. Para se desenvolver, as nações ricas poluíram e exploraram muito'', constata Neilton Fideli.
Para a servidora da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) Ana Cruzat, também integrante do Fórum Gaúcho de Mudanças Climáticas, o chamado aquecimento global é superestimado e dissociado de um contexto muito maior. ''Há visões muito simplistas sobre o assunto. O problema não é só clima. Estamos com os cursos d’água poluídos e sem florestas'', comenta a servidora.
Ela reforça que o modo de vida do ser humano precisa ser revisto. ''O homem está em um momento decisivo. Se formos eticamente corretos e solidários e usarmos o conhecimento que temos, poderemos reverter a destruição do nosso hábitat. De um lado, há o debate ambiental. De outro, temos uma lógica do consumo e do descartável que nos força a comprar e poluir sempre mais. São forças contrárias'', critica Ana Cruzat.
(Por Helena Furtado, Correio do Povo, 11/10/2009)