Os países árabes, com a Arábia Saudita à frente, pretendem sabotar as negociações sobre mudança climática para proteger sua produção petrolífera, denunciaram duas ONGs. "Sempre se opuseram ao Protocolo de Kyoto, a diferença agora é que sua tarefa de obstrução se produz desde dentro das negociações, no G-77 mais China", afirmou em entrevista coletiva o diretor de IndiACT, Wael Hmaidan.
IndiACT, com sede no Líbano, e a alemã German Watch apresentaram em Bangcoc um relatório que analisa a posição sobre o aquecimento global dos 22 governos de nações árabes, onde se misturam nações com fortes economias baseadas nos petrodólares e países pobres com uma escassez extrema de água. "O principal fator comum na região é que a mudança climática afetará severamente a vida de suas comunidades", segundo o estudo.
Hmaidan assinalou que "a posição árabe está mais interessada em proteger a produção petrolífera que em salvar ao planeta dos efeitos adversos do aquecimento global". "A Arábia Saudita utilizou sua ascendência política e a indiferença dos outros governos para dominar a voz árabe", explicou.
Nas últimas duas semanas, os países árabes foram os únicos que se opuseram a celebrar uma reunião informal em novembro sobre mudança climática, além da projetada em Barcelona, e rejeitam níveis concretos de redução de gases do efeito estufa.
Hmaidan sustentou, além disso, que a Arábia Saudita, "o único país que se alegrou quando os Estados Unidos saíram do Protocolo de Kyoto em 2001", está jogando em exigir diferentes compensações para reduzir a produção de petróleo para atrasar as negociações.
Desde 2006, German Watch vem apresentando anualmente um índice de atuação contra a mudança climática e Arábia Saudita sempre foi o pior colocado, pelo nível de suas emissões e as políticas para reduzi-las, explicou o delegado da ONG alemã, Christoph Bals. "A falta de ambição dos países desenvolvidos é a principal razão pela que não há progressos nas negociações, no entanto, é essencial que os países em desenvolvimento como a Arábia Saudita aumentem seus objetivos", acrescentou.
Nesta sexta-feira (09/10) finaliza a reunião de mudança climática da ONU em Bangcoc, onde 2 mil delegados de 179 países preparam a agenda para decidir na Conferência de Copenhague as políticas ambientais após o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.
(Estadao.com.br / AmbienteBrasil, 09/10/2009)