Partidos de oposição prometem apresentar na próxima semana um novo requerimento para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na semana passada, um pedido para criação de CPMI para o mesmo tema foi recusado porque alguns deputados da base governista retiraram suas assinaturas do requerimento, o que é permitido pelo Regimento Interno.
Mas o assunto voltou à pauta nesta semana depois que cerca de quatrocentos integrantes do MST derrubaram aproximadamente sete mil pés de laranja da Fazenda Santo Henrique, da empresa Cutrale, no interior de São Paulo, fato criticado por lideranças na Câmara.
Chantagem
Para o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), o governo está com medo da instalação de uma CPI. A proposta é investigar as cooperativas que recebem recursos públicos e repassam esse dinheiro para o MST. "Há uma articulação do governo para manter o MST irrigado [com verbas públicas]. Por quê? Por que vai ter dividendo eleitoral com o MST? O MST vai fazer campanha para os candidatos do PT e do governo?", questiona o parlamentar.
"O MST faz chantagem com o governo. Então nós temos hoje um governo que cede à chantagem de grupos paramilitares e clandestinos. Tudo isso é missão e dever do Parlamento investigar", argumenta Lorenzoni.
Contra o Brasil
Mas para o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), a oposição trabalha contra o Brasil quando tenta transformar a velha rivalidade entre fazendeiros e o MST em assunto nacional. "A postura que o Democratas e aqueles que estão propondo esta CPI querem investir não é em solucionar, pensar em uma agenda positiva para a Agricultura brasileira", acredita Fontana.
Segundo o líder, a base aliada quer pensar em mais investimentos, assistência técnica, em financiamentos, em mecanização para a agricultura familiar "Nós queremos essa agenda para a agricultura brasileira e não a agenda do conflito e da luta política interminável. Os tempos da UDR [União Democrática Ruralista] ficaram para trás".
Coleta de assinaturas
Deputados da oposição afirmam que já contam com as assinaturas de mais de cento e cinquenta deputados. Com isso, faltariam menos de vinte assinaturas para atingir o número necessário para criar a CPI (171). Os 36 senadores que assinaram o requerimento mantiveram seu apoio à comissão de inquérito.
(Por Juliano Pires, com edição de Newton Araújo, Agência Câmara, 08/10/2009)