Um grupo de lideranças de Cachoeira do Sul está mobilizado para iniciar uma campanha para salvar o Rio Jacuí e recuperar os danos que o descaso e o desconhecimento ambiental têm causado ao longo dos anos a um dos maiores motivos de orgulho do cachoeirense - o seu rio. Para marcar o movimento histórico de valorização do rio, nesta segunda-feira de feriado, a partir das 10h, com a presença de autoridades municipais, haverá um passeio de cerca de 10 barcos pelas águas do Jacuí, dando início à Sociedade Jacuí de Preservação Ambiental, entidade que deve formar sua diretoria nos próximos dias. Esta entidade deverá aglutinar todas as iniciativas que visam a preservação do Jacuí em Cachoeira.

Semanalmente, às quintas-feiras, um grupo de voluntários se reúne na Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Cachoeira do Sul (Cacisc). Há uma semana o Colégio Marista Roque apresentou o projeto Rio Jacuí a alguns dos líderes do movimento. O trabalho é desenvolvido pela escola desde 2004, sob a coordenação do professor Amílton Dalcin, e vem colhendo dados da erosão, desmatamento e retirada de recursos hídricos do Jacuí anualmente, ainda com levantamento de toda a fauna e flora em uma extensão que vai do Passo do São Lourenço até o Porto.

O Roque foi convidado a integrar a Sociedade Jacuí e as informações colhidas pelos estudantes deverão ser aproveitadas em um banco de dados que será criado para nortear os trabalhos do grupo, que envolverá projetos ambientais de preservação e conscientização, repovoamento de peixes, reflorestamento e turismo. As ideias do grupo são ousadas, conforme descreve o representante da Cacisc, Rubens Noronha. “Existe uma série de projetos isolados em Cachoeira e queremos juntá-los para ter mais visibilidade e fazer um grande projeto”, explica ele.

Recursos
Um dos sonhos do diretor da Ulbra, Gerceí Silveira, está entre os objetivos do grupo: construir um grande aquário com todas as espécies de peixes existentes no Jacuí. “A ideia também é construir tanques para criação de alevinos junto ao rio e montar painéis de exposição das riquezas que cercam o Jacuí, criando assim um museu do Jacuí e também ajudando no repovoamento dos peixes”, explicou Noronha.

Importante
Para participar das discussões da Sociedade Jacuí de Preservação Ambiental basta entrar em contato com a Cacisc ou ir às reuniões que acontecem na sede da entidade, na Rua Saldanha Marinho. Os encontros são nas quintas-feiras, às 17h.

Os principais dramas do Rio Jacuí
Ele é o responsável por fornecer o alimento básico para a sobrevivência da população cachoei-rense, mas sua sobrevivência pode estar amea-çada para um futuro próximo. Em projeto desenvolvido desde 2004, o Colégio Marista Roque Gonçalves diagnosticou os principais problemas sofridos pelo Rio Jacuí, fazendo um breve resumo ontem. Entre os dramas está a destruição da mata ciliar, responsável por proteger a margem dos rios da erosão, o desaparecimento dos peixes, devido à falta de pontos para desova e à pesca predatória, a própria erosão e a poluição.

O Roque não parou na identificação dos problemas, mas partiu também para o combate, promovendo limpeza das sangas na cidade e informando a população através de palestras nas comunidades sobre preservação ambi-ental - enfatizando para que seja evitado o depósito de lixos em sangas, pois os micro-organismos acabam indo para o rio. Além disso, os estudantes também promoveram, junto aos proprietários de terras às margens do rio, campanhas de reflorestamento, com plantação de cerca de duas mil mudas de árvores nos últimos anos.

PESCADORES - O presidente da Colônia de Pescadores Z-13, Josué Jonatas, descreveu ainda a dura realidade de dezenas de famílias que precisam tirar do rio o seu sustento. “Não há mais peixes e há uma série de fatores que colaboram para este problema”, disse. Segundo Josué, uma das medidas que deve ser colocada em prática será a adoção de redes de pesca com malha maior que a usada atualmente, de 3,5 centímetros. “Isso vai evitar que sejam pegos os peixes menores, contribuindo para o repovoamento, porque quando o peixe é tirado cedo das águas a reprodução não acontece”, disse.

(Jornal do Povo, 09/10/2009)