Peixes mortos, cata de caranguejo paralisada e mais de 10 km de praia poluída em Barra Nova, no município de São Mateus, norte do Espírito Santo. Esse é o resultado do vazamento de uma operação da Transpetro durante uma operação de carregamento de navio. O trabalho de limpeza já começou, mas a informação é que o vazamento, ocorrido no início da semana, já atingiu a orla de Guriri.
A informação é que a operação de carregamento do navio Blue Star, que gerou o vazamento, estava sendo realizada no Terminal Norte Capixaba (TNC) da Transpetro, responsável pelo transporte de petróleo e gás. A unidade, que fica em terra, foi construída em meio a grande conflito com ambientalistas na região.
Segundo os pescadores, a área onde fica o terminal era a Reserva Biológica de Barra Nova, que foi cancelada em 2003 pelo então prefeito de São Mateus, Lauriano Zancanela (PSB), com o apoio da Câmara Municipal. A área era caracterizada como de restinga e manguezal. Portanto, Área de Preservação Permanente (APP). Na ocasião, a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente chegou a denunciar irregularidades no processo de licenciamento do empreendimento ao Ministério Público Federal (MPF), mas nada foi feito.
A partir da construção e do funcionamento do terminal, uma série de vazamentos já ocorreu. Entretanto, os pescadores nunca foram atendidos em suas denúncias e, sozinhos, jamais conseguiram provar a culpa da empresa. Desta vez, a Transpetro apenas informou em nota que a operação de carregamento do Blue Star foi suspensa no momento em que o problema foi detectado e que uma equipe será formada para apurar as causas do acidente. A quantidade de petróleo vazado não foi informada.
Enquanto isso, a comunidade local sofre. Segundo eles, que estão sem pescar e paralisaram a atividade de cata de caranguejo devido ao acidente, os vazamentos chegam a ocorrer até três vezes no ano. Desta vez, os pescadores conseguiram até fotografar o vazamento e informaram que na hora do acidente foi notada a falta de equipamentos de contenção para impedir que o petróleo se espalhasse.
O Iema foi procurado para falar sobre o vazamento, mas até o fechamento desta edição os técnicos do órgão não haviam retornado do local do acidente.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 08/10/2009)