Projetos nos Estados Unidos e na União Européia receberão até US$ 2,4 bilhões nos próximos meses, o que parece sinalizar que o carvão está longe de ser descartado como uma das principais fontes de energia nas nações desenvolvidas
Apesar da crise econômica mundial ainda ser usada como argumento para a falta de fundos em adaptação e mitigação ao aquecimento global, os recursos para projetos que garantam a continuidade do uso do carvão como fonte de energia não param de fluir. Nesta semana, os Estados Unidos e a União Européia anunciaram novos investimentos bilionários em projetos de captura e armazenamento de carbono (CCS).
O secretário de Energia norte-americano, Steven Chu, anunciou nesta segunda-feira (5) a liberação dos primeiros recursos do Ato de Recuperação e Reinvestimento para tais projetos, que tem ao todo US$ 1,4 bilhão à sua disposição. Nessa primeira fase, US$ 44,1 milhões serão destinados para 12 projetos de CCS.
“Este é um grande passo na luta para reduzir as emissões das indústrias. Estas novas tecnologias não apenas vão ajudar na luta contra as mudanças climáticas, elas irão criar empregos e ajudar os Estados Unidos a assumir a liderança mundial de CCS, que devem ter sua demanda crescendo ainda mais nos próximos anos”, declarou Chu. Entre os projetos que receberão esses primeiros investimentos, destaque para três iniciativas que receberão mais de US$ 3 milhões cada uma, sendo duas delas da Shell.
Na Califórnia, a idéia da C6 Resources, uma afiliada da Shell, é capturar mais de um milhão de toneladas de CO2 por ano de instalações industriais e as canalizar por extensas tubulações até uma profundidade de mais de três quilômetros, onde serão armazenadas numa formação salina.
No Texas, a ConocoPhillips pretende demonstrar a eficiência da tecnologia de “Ciclo Combinado de Gaseificação Integrada” (IGCC) em uma usina elétrica de 683 megawatts. A esperança é que se capturem 85% das emissões, cerca de cinco milhões de toneladas, que serão então armazenadas em campos esgotados de gás e petróleo.
Outro projeto da Shell que também receberá mais de US$ 3 milhões pretende capturar cerca de um milhão de toneladas de CO2 por ano de indústrias localizadas ao longo do Rio Mississipi, entre Baton Rouge e Nova Orleans.
Iniciativas relacionadas com as indústrias de papel e cimento também receberão fundos governamentais para desenvolverem suas tecnologias. A duração de cada projeto selecionado será de aproximadamente de sete meses. Após isso, os avanços serão avaliados e os que se mostrarem mais promissores receberão o restante do fundo para ampliações e custo de operações.
Europa
A Comissão Européia recomendou nesta segunda-feira (05/10) o repasse de € 1 bilhão (US$ 1,4 bilhões) para seis projetos de CCS em usinas elétricas no continente, segundo o sistema de notícias da Dow Jones. As empresas agraciadas seriam a fornecedora de energia espanhola Endesa, as alemãs Vattenfall e E.ON, a britânica Powerfuel PLC, a polonesa Polska Grupa Energetyczna e a italiana Enel SpA.
A União Européia decidiu no começo deste ano que cerca de € 4 bilhões (US$ 5,8 bilhões) seriam investidos para incentivar o setor energético, incluindo redes elétricas e de gás, eólicas e CCS, como parte de um projeto maior para incrementar as atividades econômicas dos 27 países membros do bloco. Todos esses recursos deverão ser utilizados até 2010.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 06/10/2009)