No prazo máximo de três anos, o Linhão do Marajó vai mudar o cenário da região paraense mais desassistida quanto ao fornecimento de energia elétrica. A obra, lançada na semana passada pelos governos estadual e federal, levará a mais de 250 mil pessoas um serviço que hoje é fornecido - a alto custo econômico e ambiental - para menos da metade da população marajoara. Orçado em R$ 473 milhões, o linhão, que será construído em duas etapas com duração de 18 meses cada uma, vai proporcionar ao arquipélago uma nova fase de desenvolvimento, em que serviços como saúde, educação e telecomunicações ganharão em qualidade, ao mesmo tempo em que a economia local receberá impulso e modernização.
Atualmente, apenas 41% da população marajoara dispõem de eletricidade, fornecida por 15 usinas geradoras movidas a óleo diesel. Poluidoras e de custos elevados, essas usinas têm baixa capacidade de geração e oferecem uma energia oscilante, caracterizada por freqüentes interrupções no fornecimento.
Na área rural, a situação é ainda mais crítica: 85% da população não têm acesso a eletricidade, já que a instabilidade da energia gerada atualmente não permite que o programa Luz para Todos chegue aos domicílios. Tudo isso fará parte do passado quando o linhão levar energia firme da hidrelétrica de Tucuruí a 50 mil domicílios de 15 municípios do arquipélago. Com a entrada em cena da energia estável do Sistema Interligado Nacional (SNL), as usinas a diesel serão substituídas gradativamente, permitindo a chegada da eletricidade a localidades fora da zona urbana marajoara.
Além dos benefícios sociais para a região do Marajó - que registra um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano do País - a expectativa do governo do Pará é que a obra reduza custos financeiros e impacto ambiental. Num período de dez anos serão economizados 900 milhões de reais e 400 milhões de litros de combustível, sem contar a diminuição da quantidade de gás carbônico liberada na atmosfera após a queima do diesel. Logo nos primeiros 18 meses serão desativadas cinco usinas térmicas.
(O Liberal / Amazonia.org.br, 07/10/2009)