A construção foi projetada com a justificativa de que 80% das movimentações portuárias são realizadas na região. A medida preocupa a comunidade e os ambientalistas, e um fórum foi criado entre membros da sociedade civil organizada, o poder público e empresários, para discutir os novos empreendimentos.
O fórum foi criado esta semana a partir de um debate realizado pelo vereador Babá (PT), na Câmara Municipal de Vila Velha, e terá entre seus focos a preservação da região de mangue entre os bairros da Glória e Aribiri e a proximidade com a Área de Preservação Permanente, no caso, o morro da Mantegueira. Além disso, a população exigiu que seja discutida a questão de desapropriações.
“Os empreendimentos são particulares. Então, não cabem desapropriações, mas é claro que a população está preocupada, principalmente a do bairro da Glória, que teme perder suas casas”, ressaltou o vereador. A construção dos portos foi programada por três empresas, entre elas a Nisibria, que informou já ter protocolado pedido de licença junto ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), mas ainda não obteve resposta.
A informação é que o segundo porto será da empresa Nova Holanda e o terceiro será um terminal portuário voltado para o setor metalmecânico e que deverá ser construído no lugar do Complexo Penitenciário da Glória.
Para a comunidade, a notícia dos três portos, parte da Agenda 20/21, é temerária. Na região, o que se conhece sobre portos é o que se vê nos portos de Paul e Capuaba, ou seja, estradas degradadas, poluição, bairros abandonados pelo setor público, entre outros problemas.
Além dos impactos ambientais, com mais três portos na região da Grande Vitória a precariedade da malha viária e os bairros residenciais na região constituem obstáculos que as empresas terão de enfrentar para levar adiante seus projetos. Segundo o vereador, já foram solicitados ao Iema todos os documentos que se referem à construção dos portos. A Codesa também foi convidada para participar do debate, mas não compareceu.
Ao todo, participam do Fórum representantes do poder público, empreendedores e os representantes do Conselho Comunitário da Glória, Associação de Amigos da Mantegueira e Movimento Vida Nova Vila Velha (Movive). Além dos três terminais, outros investimentos estão previstos para os portos localizados no município. Nos próximos 60 dias serão iniciadas as obras de duplicação do terminal da Prysmiam, que fabrica tubos flexíveis utilizados pela indústria petrolífera e é acusada de dragar a Baía de Vitória sem cumprir as condicionantes exigidas pelo órgão ambiental.
A empresa é acusada de causar o estreitamento da baía. Moradores lembram que a obra já esteve para ser embargada na transferência da Cotia para a Pirelli, e ainda que a multinacional não estaria seguindo o projeto original licenciado. A área em que a Prysmian se instalou foi doada pelo governo do Estado, ainda na gestão de José Ignácio Ferreira.
Além dela, a Companhia Portuária de Vila Velha (CPVV) também está estudando a duplicação de seu porto, que fica próximo ao Morro do Penedo. O Terminal Vila Velha (TVV), em Capuaba, gerenciado pela Log-In, também já anunciou investimentos, que estão em curso.
Tais empreendimentos geram grande impacto ambiental, como, por exemplo, o soterramento de importantes áreas ambientais e a destruição de mangues. Entretanto, denunciam os ambientalistas, as expansões e novas propostas não vem sendo anunciadas de forma clara e ampla à sociedade.
(Por Flavia Bernardes, Século Diário, 07/10/2009)