Diretor estadual do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e um dos coordenadores da invasão à fazenda da Cutrale em Iaras (SP), Paulo Albuquerque disse nesta quarta (07/10) após deixar a área que os tratores da empresa estavam funcionando quando o movimento deixou o local e que não houve dano ao patrimônio, com exceção das pichações.
Albuquerque negou ainda que os sem-terra tenham furtado objetos da Cutrale ou dos funcionários. "Se algum trator não estiver funcionando, foram eles [Cutrale] que quebraram. Não ocorreram furtos." Gilmar Mauro, um dos diretores nacionais do MST, disse ontem que as acusações "podem ser uma armação" contra o MST por parte da Cutrale. "Não estive na área e não tenho conhecimento desse fatos [depredação e furtos], mas isso pode ser uma armação."
Já Albuquerque, que esteve na área durante toda a invasão, afirmou que o movimento "tem atividade responsável". "Primeiro é preciso deixar claro que aquela área [fazenda] é pública, pois pertence à União e foi tomada pela Cutrale", disse. De acordo com ele, os integrantes do MST "não têm esse tipo de comportamento". "Nós deixamos que os funcionários da Cutrale retirassem seus objetos e móveis após invadirmos e cuidamos do patrimônio deles e da empresa", disse ele.
Albuquerque afirmou ainda que "não há nenhuma possibilidade" de integrantes do movimento estarem envolvidos com a destruição e furto de objetos e equipamento. "Tem que ter muito cuidado para acreditar nessa versão da Cutrale, que já provou não ser confiável porque grilou uma área pública."
Para Albuquerque, as acusações são uma tentativa não só de criminalizar o movimento, mas também de punir lideranças. "Daqui a pouco vão querer prender algum integrante do MST por causa dessa invasão." "É a palavra deles [Cutrale e policiais] contra a nossa. Nós temos condições de rebater todas essas falsas afirmações que estão fazendo contra nós."
Outro coordenador estadual do movimento que participou da invasão, Paulo Santos também afirmou que não foram causados danos ao patrimônio da empresa nem às casas dos funcionários da Cutrale. Reconheceu que o movimento destruiu, sim, "alguns pés de laranja", mas só para plantar feijão para alimentar as famílias que participaram da invasão. "Essa quantidade de árvores que derrubamos é como dinheiro de pinga para a Cutrale", disse Santos.
(Por Maurício Simionato, Folha de S. Paulo, 08/10/2009)