Numa mensagem corajosa, três povos indígenas reafirmam sua luta contra a construção de barragens que destroem rios, terras e matas, transformando o ambiente e colocando em risco sua cultura e sobrevivência.
Carta dos povos Apinajé, Krahô e Xerente
Nós, povos indígenas Apinajé, Krahô e Xerente, reunidos nos dias 23 a 25 de setembro na Aldeia Bonito, no município de Tocantinópolis – TO para o Encontro de lideranças, refletimos sobre os impactos das construções das novas barragens que estão sendo implementadas através do Programa de aceleração do crescimento – PAC.
Este programa trás grandes prejuízos para nós, povos Indígenas, porque destrói os nossos rios, nossa terra mãe, acabando com as vazantes, acaba com nossas matas, de onde temos costumes tirar nossos alimentos, para sustentar a nossa família. Transformar nosso ambiente é matar os povos indígenas.
Nós povos indígenas Apinajé, Krahô e Xerente devemos estar sempre unidos para não deixar que construam grandes projetos em nossas áreas. Porque eles não afetam somente nossas áreas, mas também as áreas de nossos parentes Gavião e Krikati, que serão afetados por essas barragens.
Nós, Apinajé permaneceremos unidos para somar forças contra a construção de barragens que nos afetam. Como já tivemos experiência de sofrimento das conseqüências da barragem de lajeado, com o povo Xerente, destruição da natureza, dos peixes, vazantes, divisão das comunidades que não é o nosso costume. Compensação para nós significa doenças, miséria, fome, poluição de rios, óbitos, alcoolismos, prostituição, desrespeito, condições precárias e não supre a nossa necessidade da comunidade indígena. Por isso não queremos.
Nós, povo Xerente, denunciamos a construção da barragem de Novo Acordo, que afetará o povo Xerente. E irá inundar a nossa área indígena, e nós não aceitamos a redução das áreas indígenas e por isso não queremos esta construção.
Por isso que nós indígenas vamos continuar lutando para não aceitar a implementação desses projetos em nossas áreas. Todos os povos indígenas têm direito de fazer com que os seus valores tradicionais sejam respeitados pelos não índios, porque nós somos primeiros habitantes do Brasil, por isso que os investidores e os governantes devem fazer valer as leis que nos protegem, sempre estaremos prontos para brigar pelo que é nosso.
Aldeia Bonito, 25 de setembro de 2009.
Tocantinópolis – TO
Assinaturas:
Levi Srêzasu Xerente
João Pedro Krahô
Sandra Fernandes Apinajé
Maria Fernandes Apinajé
Manoel Xerente
Carlos Fernandes Apinajé
Terri Krahô
Nama Krahô
Mônica Krahô
Cleuza Apinajé
Maria Flor Krahô
Joanita Apinajé
Cláudio Apinajé
Sabino Apinajé
José Praxedes Apinajé
Euclides Pereira Ribeiro Apinajé
Marciano Apinajé
Maria Vanda Apinajé
Cristiane Apinajé
Edson Almeida Apinajé
Maria da Conceição Apinajé
Janilda Apinajé
Orlando Apinajé
Lucilene Pereira Apinajé
Irani Tokide Xerente
Elza Xerente
Rosenir Xerente
Diego Apinajé
Rosa Apinajé
Suzana Xerente
Silvano Corredor Almeida
Gilberto Pereira Apinajé
Jesuíno Apinajé
José Carlos Apinajé
Osvaldo Apinajé
Orlanda Krahô.
José Edílson Apinajé
Francisco Apinajé
Edgar Apinajé
Raimundo Nonato da Conceição Apinajé
Hosanira Coelho Apinajé
Ótavio Dias Apinajé
Fábio Dias Apinajé
Neide Apinajé
(Por Telma D. Monteiro, Telmadmonteiro.blogspot.com, 07/10/2009)