Terceira unidade do setor, que a estatal espera anunciar até dezembro, terá capacidade de fabricar 1 milhão de toneladas do produto por ano
A Petrobrás prevê anunciar até dezembro planos para a construção de uma terceira fábrica de fertilizantes nitrogenados no País, aproveitando-se do excedente de oferta de gás natural. Segundo o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, a unidade vai produzir 1 milhão de toneladas por ano, praticamente duplicando a capacidade de produção de fertilizantes da companhia.
A ampliação da capacidade de suprimento de fertilizantes ganhou a atenção do governo nos últimos anos, diante do aumento do preço das matérias-primas no mercado internacional. O Brasil é altamente dependente de importações. A Petrobrás tinha dificuldade em ampliar sua produção por causa da escassez, nos últimos anos, de gás natural, matéria prima para a produção de fertilizantes nitrogenados.
"Hoje temos gás que podemos exportar, mas vamos usar esse excedente para melhorar a produção de fertilizantes, para garantir as necessidades do Brasil", disse, em Buenos Aires, a diretora de gás e energia da estatal, Graça Foster. A mudança de cenário foi provocada por uma combinação entre aumento da produção nacional e redução do consumo.
Segundo Costa, a escolha do local para o empreendimento obedecerá dois fatores: proximidade da rede de gasodutos e logística adequada para atingir o mercado consumidor, que cresce mais na região Centro-Oeste. Ele não quis, porém, adiantar quais são as alternativas em estudo. A empresa tem hoje duas fábricas de fertilizantes, localizadas na Bahia e em Sergipe.
A empresa trabalha em outra frente para colaborar com a redução da dependência das importações de fertilizantes: a transformação de resíduos da produção de xisto betuminoso, no Paraná, em um "catalisador" para a produção agrícola. Fruto de parceria com a Embrapa e o Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), a tecnologia pode reduzir em 40% a necessidade de uso de adubos no plantio, diz Costa.
O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, informou que a empresa ainda está avaliando os aspectos técnicos da exploração de potássio, também usado na produção de fertilizantes, na mina de Nova Olinda, na Amazônia. A empresa detém os direitos desde a década de 80, mas ainda não há exploração. Em 2006, chegou a realizar um leilão para repassar a concessão à iniciativa privada, negócio desfeito no ano passado.
Paulo Roberto Costa informou ainda que a Petrobrás aguarda apenas decisão do governo sobre a data de assinatura do contrato para a entrada da venezuelana PDVSA na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
(Por Nicola Pamplona e Kelly Lima, O Estado de S. Paulo, 08/10/2009)