O principal enviado da China às negociações para a mudança climática disse que não é justo esperar que todos os países atuem no combate ao aquecimento global, o que levou a uma troca de palavras inesperadamente ríspida com delegados dos EUA e da União Europeia.
A troca de farpas ocorreu numa entrevista coletiva durante sobre as negociações realizadas em Bangcoc sobre o novo acordo climático que deve ser celebrado em Copenhague em dezembro.
O delegado dos Estados Unidos insistiu que os países industrializados, sozinhos, não são capazes de reduzir emissões o suficiente para evitar as consequências mais trágicas da mudança climática. "Se os Estados Unidos se juntarem a outros países do mundo desenvolvido sem as outras grades economias, não resolveremos o problema", disse Jonathan Pershing.
Isso levou o chinês Yu Qingtai a indicar que os países desenvolvidos são responsáveis por séculos de poluição e que as emissões per capita da China são apenas um terço das dos países ricos, embora o país já seja o maior poluidor do mundo.
Yu então repetiu o argumento que os países em desenvolvimento têm usado há anos - que são vítimas de um problema, o aquecimento global, causado majoritariamente pelos países ricos. "Com toda a justiça, não podemos sentar aqui hoje e falar sobre todo mundo se esforçar", disse ele. Isso fez com que o diretor-geral da Comissão Europeia para o meio ambiente, Karl Falkenberg, reagisse, afirmando que focalizar as emissões per capita não levaria a avanços.
"Sabemos que as consequências da mudança climática são, por enquanto, vistas de modo mais dramático no mundo em desenvolvimento, portanto continuar a defender que existe praticamente um 'direito humano' de poluir, como ouvi de meu colega chinês, não é o melhor jeito de avançar", disse ele. Ele lembrou que todos os países são poluidores, e que "a atmosfera não liga para de onde essas emissões vêm".
(Estadao.com.br / AmbienteBrasil, 08/10/2009)