Após um ano tentando negociar com a empresa e os agentes públicos, a redução da altura do empreendimento na 777 da rua General Lima e Silva, os moradores da Cidade Baixa assistiram, nesta terça-feira (06/10) cedo, a derrubada de três árvores frutíferas e, ainda aguardam em frente ao endereço, a remoção da centenária nogueira-pecã. Os moradores contaram que a árvore deverá ser transplantada para um “cantinho” no próprio terreno da obra, mas estão preocupados porque este processo não garante que a espécie, ameaçada de extinção, vá sobreviver.
“É pela árvore, pelo ninho de joão-de-barro e colmeia que estamos aqui, pelo nosso modo de vida, que inclui casas antigas que contam a história de Porto Alegre, porque levantamos todo dia e saudamos o nosso vizinho, temos dia e temos noite com nossos bares e nosso cinema,” disse Bernadete Menezes, ao criticar a proposta do edifício de 19 andares, que deverá receber 600 moradores e seus respectivos carros, sendo que, na mesma rua, os mais altos, possuem dez andares.
A vereadora Sofia Cavedon relembrou a luta do Movimento Cidade Baixa Vive, estruturado há um ano. “Participamos de reuniões, manifestações como esta; vamos perder a árvore, mas o que fica é a vitória da cidadania, porque estamos aqui e temos que continuar a nos mobilizar em defesa da orla do Guaíba e do Plano Diretor da Cidade”, disse, lembrando a falsa propaganda pelo desenvolvimento sobre os projetos na Ponta do Melo e nos armazéns do Cais do Porto.
Os moradores vêm requerendo o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV, Lei Federal 10.257/2000), mas a resposta da Secretaria Municipal de Meio Ambiente é de que este não foi exigido da empresa construtora por não ter sido ainda regulamentado em nível municipal. Enquanto isso, a minuta do projeto de lei que institui o EIV está em discussão há mais de seis meses no Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano Ambiental (CMDUA) e os moradores do bairro Cidade Baixa estão lamentando a destruição da natureza em torno e prevendo os problemas que terão com a diminuição da radiação solar das casas vizinhas ao chamado “espigão”, como o mofo e possíveis rachaduras das casas antigas.
(Por Eliege Fante, EcoAgência, 06/10/2009)