Uma batalha silenciosa é travada neste momento entre o governo federal e os eventuais investidores do projeto da usina hidrelétrica de Belo Monte. Uma batalha que ameaça adiar o leilão do empreendimento para 2010, contrariando o desejo e as afirmações cotidianas do governo federal de fazer a licitação ainda neste ano. O problema está na grande divergência do custo do investimento necessário para erguer o projeto de 11,2 mil MW de potência instalada, no rio Xingu (Pará).
A disputa sobre o custo do empreendimento se acirrou depois que a EPE (Empresa de Pesquisa Energética, responsável pelo planejamento do setor elétrico brasileiro) anunciou um custo total de R$ 16 bilhões para o investimento. Investidores interessados em energia barata, como autoprodutores (Vale, CSN, Votorantim e Alcoa), gostaram da possibilidade de participar do projeto, mas há dúvidas se o que parece ser uma oportunidade ímpar seja, de fato, verdadeira.
A Abiape (Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia) faz atualmente um pente-fino no projeto registrado na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). O objetivo é entregar aos grupos industrias interessados um detalhamento completo sobre os itens de custo do empreendimento.
(Por Agnaldo Brito, Folha de S. Paulo, 06/10/2009)