De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desigualdade na distribuição de terras no país permaneceu inalterada nos últimos 20 anos. Enquanto as unidades rurais com até 10 hectares ocupam menos de 2,7% da área total dessas unidades, a fatia ocupada pelas propriedades com mais de mil hectares concentram mais de 43% da área total.
Para o Presidente da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) Altemir Tortelli, esses dados refletem o predomínio dos grandes produtores, especialmente os dedicados à exportação de monocultoras. Altemir destaca que esses dados reforçam a urgência da atualização dos índices de produtividade em nosso país.
“Essa informação do IBGE só vem justificar a necessidade de aprofundarmos o movimento de discussão sobre o limite de propriedade. Somos parceiros com todos os movimentos sociais que fazem o debate no Brasil sobre a distribuição da terra e a democracia no campo. Esses dados da pesquisa mais uma vez comprovam a necessidade de se rever os índices de produtividade em nosso país”, salienta.
Para Altemir, esses dados apresentados pelo IBGE na última quarta-feira (30), apenas reafirmam que a realidade atual é a mesma indicada nos censos agropecuários de 1985, 1995-1996. Para ele ocorreram alguns avanços, mas apenas em regiões isoladas, o que não significa grandes alterações no mapa da concentração de terras no país.
Altemir comenta que a Região Centro-Oeste e boa parte da região Sul, também vêm apresentando desigualdade na distribuição de terras. Segundo ele, o cultivo de soja nessas regiões exige emprego de tecnologia e articulação com o comércio mundial, que impõe uma escala de grande produção para garantir a inserção no mercado.
(Por Joel Felipe Guindani, Agência Chasque, 02/10/2009)