Pesquisa inédita realizada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Administração (Cepa), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), aponta que 83,4% dos porto-alegrenses aprovam a transformação da área portuária. No estudo, feito em outubro de 2008, 625 entrevistados foram instigados a avaliar itens do projeto escolhido pelo governo estadual no ano passado para uma faixa de 2,5 quilômetros da rodoviária ao Gasômetro.
As imagens apresentadas pela M. Stortti Consultores Associados, que encomendou a pesquisa e encabeça o consórcio vencedor, são simulações e podem ser seguidas ou não pela empresa que vencer a licitação.
– São meras evoluções arquitetônicas, como se fosse uma minuta, um rascunho. Isso não é conclusivo. Nós vamos avaliar no futuro a melhor proposta – explica Edemar Tutikian, coordenador executivo do projeto de revitalização.
Presidente do Porto Alegre Convention & Visitors Bureau, que atua na atração de eventos para a Capital, Ricardo Ritter avalia o projeto como fundamental para o turismo:
– Como o projeto está idealizado, o porto tem potencial para se transformar no maior ponto turístico de Porto Alegre.
Na Câmara, o debate promete ser acirrado, a ver pela audiência pública do dia 24 que mobilizou 500 pessoas. Para o presidente da Casa, Sebastião Melo (PMDB), a expectativa é apreciar a matéria no fim do mês, após a aprovação da revisão do Plano Diretor:
– É um projeto importante. A Casa tem condições de chegar a um consenso, pois há um desejo de revitalização ou modernização do porto.
Entre os contrários à proposta, a preocupação está centrada na altura dos prédios e no possível uso residencial da área. O projeto enviado à Câmara pela prefeitura abre possibilidade para prédios de até 32 metros de altura ao lado da Usina do Gasômetro e de até cem metros nas docas.
– Isso liquida a paisagem urbana e acaba com uma peculiaridade da Capital – analisa Paulo Guarnieri, da coordenação do Movimento de Defesa da Orla do Guaíba e presidente da Associação de Moradores do Centro.
A cronologia
- 1991 – Prefeitura lança o Caminho do Porto. Cinco armazéns seriam transformados em restaurantes, museu, centro de educação para jovens e adultos e terminal turístico/fluvial. O projeto não vai adiante
- 1995 – O Estado diz que quer transformar a área em centros gastronômicos e culturais
- 1998 – O governo lança o projeto Porto dos Casais
- 2000 – Estado lança o projeto do Complexo Industrial Cais de Cinema, com estúdios
- 2004 – Plano de recuperação é relançado, batizado de Revitalização do Cais Mauá. Divergências entre Estado e prefeitura interrompem o projeto
- 2007 – Após dois anos de estudos para definir normas, o governo recomeça e convoca a iniciativa privada a participar da elaboração de um novo projeto
(Por Maicon Bock, Zero Hora, 05/10/2009)