A Construtora Camargo Corrêa, em parceria com estatal Furnas Centrais Elétricas, apresentou à imprensa na semana passada seu programa de reflorestamento e compensação de CO² desenvolvido para compensar os impactos ambientais gerados pela construção das usinas. A UHE Batalha, cuja obra está em andamento no cerrado goiano, tem conclusão prevista para maio de 2011.
O projeto desenvolvido pela construtora - uma das maiores do segmento de construções pesadas da América do Sul e cuja receita gira em torno dos R$ 5,4 bilhões/ano - em parceria com Furnas, tem a finalidade de reduzir o impacto ambiental produzido pela construção das usinas hidrelétricas nas áreas de atuação das empresas.
A proposta é compensar a emissão de gás carbônico gerado com a queima de combustível fóssil e pelo trabalho das máquinas nos empreendimentos através da restauração florestal, e preservar os biomas afetados. A partir deste direcionamento, inúmeras outras ações contemplam o programa, desde o controle genético das mudas até o envolvimento das comunidades locais em atividades socioambientais. O projeto também é desenvolvido nas UHE Foz do Chapecó (SC) e Serra do Facão (GO).
É no interior do cerrado, na zona rural do município e junto a comunidades desassistidas pelo poder público que o projeto se desenvolve. O Centro Integrado de Educação Ambiental (CIEA) construído em Batalha, a cerca de 100 quilômetros de Cristalina na divisa de Goiás com Minas Gerais, produz as mudas que deverão cumprir a tarefa de recuperar as áreas degradadas. As espécies cultivadas no viveiro serão plantadas no ecossistema após passarem por um controle genético, que segundo Alexandre Mariot, consultor da ORBI (Organização e Planejamento em Biodiversidade), vai garantir a qualidade nuclear das plantas que vão compor a reconstituição dos biomas e a preservação das espécies da flora local.
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Linda Serra dos Topázios, área de preservação com cerca de 500 ha, se insere no programa através do plantio de parte das mudas produzidas no viveiro de Batalha. “O local foi escolhido por ser uma APP (área de preservação permanente), onde a perpetuidade das mudas está assegurada. Paralelo a estas atividades, o projeto inclui 23 programas de educação ambiental e responsabilidade social, realizados com as crianças das escolas municipais e com os moradores da região, desenvolvidos nas duas localidades”, explica Alexandre.
Este conjunto de ações garantiu à Camargo Corrêa a seleção para participar da Hidro 2009, Congresso Mundial de Grandes Barragens que ocorre no final de outubro, na França, e a certificação NBR 16001, que atesta responsabilidade social e sustentabilidade.
A obra de Batalha já se encontra em avançada fase de construção. A nova usina, localizada no Rio São Marcos, na divisa entre Goiás e Minas Gerais, está sendo erguida no coração do cerrado entre os dois estados, região considerada área prioritária de conservação, o chamado hotspot.
A extensão da obra é de aproximadamente 138 km² e cerca de 430 propriedades serão atingidas total ou parcialmente. A construção da hidrelétrica será realizada com recursos próprios de Furnas e está inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
(Por Camila Cabrera, especial para o Ambiente JÁ, 05/10/2009)