Os custos de adaptação às alterações climáticas nos países em desenvolvimento será da ordem de US$ 75-100 bilhões por ano, no período de 2010 a 2050, de acordo com resultados preliminares de um estudo do Banco Mundial. Sob o título de "A Economia de Adaptação às Alterações Climáticas" (EACC, na sigla em inglês), o trabalho financiado pelos governos da Holanda, Suíça e Reino Unido, tem sido considerado como a mais profunda análise da economia sobre o tema até o momento, e utiliza uma nova metodologia para avaliar esses gastos.
Publicada na quarta-feira (30/09) em meio a 4ª Cúpula de Bangkok, na Tailândia, a abordagem consiste em comparar um mundo futuro sem as alterações climáticas com um planeta assolado futuramente pelas mudanças do clima. A diferença entre esses dois universos envolve uma série de ações para se adaptar às novas condições mundiais. Os custos destas iniciativas adicionais são os mesmos da adaptação às transformações do meio ambiente.
"Diante da perspectiva de custos de infraestrutura adicional, bem como secas, doenças e reduções drásticas da produtividade agrícola, os países em desenvolvimento precisam estar preparados para as possíveis consequências das alterações climáticas. Neste contexto, o acesso ao financiamento necessário, será crucial", afirmou Katherine Sierra, vice-presidente do Banco Mundial para o Desenvolvimento Sustentável.
Para Bert Koenders, ministro holandês da Cooperação para o Desenvolvimento, o estudo do Banco Mundial deixa claro que a tomada de medidas em favor da adaptação pode resultar em economias capazes de reduzir o que chamou de "riscos inaceitáveis". "Os custos de adaptação podem ser suportados pelos países ricos, a julgar pelos valores dos seus PIBs [Produto Interno Bruto], mas para os países pobres eles são inaceitavelmente elevados", observou. O representante da Holanda em Bangkok também destacou que fatores como a mitigação, adaptação e cooperação entre as nações são necessários para tornar os emergentes menos vulneráveis as mudanças climáticas.
Objetivos
Desenvolver uma estimativa dos custos globais de adaptação nos países em desenvolvimento e ajudar os tomadores de decisão na elaboração de estratégias para o problema são os principais objetivos do estudo. Segundo o relatório, as regiões mais prejudicadas em todo o mundo serão a Ásia Oriental, Pacífico, América Latina, Caribe e África Subsaariana.
O trabalho sublinha que as estratégias de desenvolvimento devem maximizar a flexibilidade e incorporar o conhecimento sobre a mudança climática assim como ela é adquirida. "O crescimento econômico é a forma mais poderosa de adaptação", destacou Warren Evans, diretor de Meio Ambiente do Banco Mundial. "No entanto, o dinheiro minimiza apenas os impactos da mudança climática, mas não as suas causas", ponderou.
(EcoDesenvolvimento, 01/10/2009)