Sem forças, uma jovem tartaruga marinha não conseguiu seguir seu trajeto em alto-mar e foi trazida pelas correntes até as areias do balneário de Oásis, em Tramandaí, litoral norte do Estado, e agora é tratada por especialistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Resgatada por uma técnica do Ceclimar no domingo, ela foi trazida ontem para o Hospital de Clínicas Veterinárias da UFRGS, em Porto Alegre.
A aparição da tartaruga, da espécie Caretta-caretta, é comum nas águas gaúchas. O biólogo do Ceclimar e membro da ONG Gemar Maurício Tavares explica que elas não costumam desovar no Estado, mas passam por aqui para se alimentarem.
– É comum encontrarmos tartarugas marinhas no nosso Litoral, mas a maioria segue. Algumas morrem em acidentes com redes de pesca. Só ocorre de nadarem até a beira da praia quando comem algum dejeto no mar e passam mal ou se estão com algum problema de saúde – ressalta o especialista.
Animal foi submetido a cirurgia para sobreviver
Conhecida como Cabeçuda, a tartaruga com 20 quilos e 67 centímetros de comprimento da carapaça, ainda não atingiu a idade adulta. Exames de sangue e uma radiografia indicaram a necessidade de um procedimento cirúrgico, realizado ontem mesmo.
De acordo com a veterinária Michele Ataide, da clínica veterinária da UFRGS, o procedimento foi para reduzir o problema que a tartaruga apresentava na cloaca, que pode ter sido causado pela ingestão de algum alimento inadequado durante a viagem ou até mesmo de lixo. Sem a cirurgia a tartaruga poderia morrer. A veterinária conta que está habituada a lidar com esta espécie:
– Neste inverno, reabilitamos uma tartaruga igual e soltamos em alto- mar. Assim que esta estiver em condições, será solta também.
A previsão é de que o animal demore até 60 dias para ser devolvido ao mar. Nessa primeira fase pós-cirúrgica, a tartaruga deverá ser alimentada com auxílio de uma sonda. Na segunda-feira, será submetida a uma endoscopia e, depois de alguns dias, deverá voltar a se alimentar sozinha. Somente após esse processo e de readquirir forças, o animal será libertado.
Cariane Campos Trigo, bióloga que prestou os primeiros-socorros à tartaruga, disse que ela vinha da Bahia e seguia para o sul do país em busca de alimento.
– Esse tipo de tartaruga vem até a costa gaúcha para se alimentar, pois o nosso Litoral é rico em alimentos para esta espécie.
Elas vivem parte da juventude e da infância nas profundezas do mar e, quando atingem 50 centímetros, começam a chegar à costa do Estado.
A Cabeçuda atinge a idade adulta com cerca de 90 centímetros.
(Zero Hora, 02/10/2009)