Mesmo tendo direito a 50% da energia produzida pela hidrelétrica binacional de Itaipu, o Paraguai é um país afetado, diariamente, por “apagões” que tornam-se ainda mais frequentes durante os meses mais quentes do ano, quando aumenta a demanda por eletricidade. Partindo da premissa de que a energia de Itaipu e da outra binacional do país, Yacyretá (com a Argentina), são suficientes para abastecer cinco mercados como o do Paraguai, a pergunta é inevitável: por que apesar da relativa abundância, o país sofre com a falta de energia?
Parte da explicação para o fenômeno está nas próprias usinas binacionais. No caso de Itaipu, por exemplo, a subestação da margem direita do rio Paraná, prevista nos anexos do Tratado, jamais foi inteiramente concluída, limitando o acesso do Paraguai à totalidade de sua energia.
Mesmo que este acesso existisse, no entanto, o sucateamento da estatal ANDE, responsável pela distribuição da eletricidade aos lares e estabelecimentos comerciais e industriais do país, faz com que a rede de transmissão tenha permanecido estancada no tempo, sem acompanhar o crescimento da economia e da população.
Quedas em torres, derrubadas de linha, sobrecargas em transformadores obsoletos e os intermináveis gatos registrados em cidades como Asunción, sua populosa região metropolitana e Ciudad del Este, tornam o sistema elétrico paraguaio famoso por sua crônica falta de estabilidade.
Os principais prejuízos à população, além do incômodo de pagar por um serviço de péssima qualidade, refletem-se na perda de equipamentos avariados por problemas de tensão e de alimentos que estragam após apagões que, em bairros periféricos e localidades mais afastadas, chegam a durar dias.
Para amenizar o problema, a ANDE trabalha, desde o início do governo de Fernando Lugo, em agosto de 2008, com um plano de obras emergenciais voltado para a recuperação de suas redes urbanas e a ampliação das linhas de transmissão no interior. Em contato com o jornal ABC Color, no entanto, Sixto Amarilla, presidente da companhia, admitiu que muitas das obras estarão concluídas, apenas, após o término do próximo verão, o que significa que, uma vez mais, o maior produtor de eletricidade per capita da América do Sul continuará a veranear no escuro em 2010.
(Por Guilherme Dreyer Wojciechowski, SopaBrasiguaia.com, 29/09/2009)