A intenção do bilionário Eike Batista de entrar no bloco de controle da Vale parece estar cada dia mais difícil de se realizar. Depois de ter sua oferta de compra da participação da Bradespar na mineradora recusada pelo Bradesco, agora é a direção da Previ que nega ter recebido proposta oficial de Batista para comprar parte de suas ações na Valepar, holding controladora da empresa, e que afirma não pretender vender os ações. Procurado pelo Valor, o empresário não quis comentar o assunto.
Fábio Moser, diretor de investimento do fundo de pensão do Banco do Brasil, afirmou que a Previ não tem intenção de vender agora sua fatia na Vale, pois acha que a mineradora tem um potencial enorme de retorno dos investimentos feitos nos últimos três anos. Mas reconhece que tem a obrigação fiduciária de analisar qualquer proposta que receber. "Mas eu não conversei com Eike, não conheço os planos dele para a Vale e não recebi nenhuma proposta dele", declarou ao Valor.
Para Moser, dado o valor da Vale qualquer comprador disposto a adquirir ações da empresa na Valepar teria que estar disposto a desembolsar "muito dinheiro" por esses papéis. Mas isso não parece ser o maior interesse da Previ, que, segundo ele, não está precisando de dinheiro, tem um fluxo de caixa tranquilo e não tem necessidade de vender a Vale agora.
Segundo o diretor, os fundos de pensão sócios da Valepar liderados pela Previ, que com eles compartilha o veículo Litel, dentro da Valepar, colocaram R$ 4,5 bilhões na operação de aumento de capital da companhia, em julho do ano passado, e esperam o retorno deste investimento. Nos últimos três anos a Vale investiu pesado, sendo que a maioria dos projetos nem entrou ainda em operação. "O valor desses negócios ainda não está computado. Por isso, a estratégia da Previ é esperar eles amadurecerem."
As declarações de Moser demonstram que não há um clima muito favorável a conversas com Batista da parte da Previ. O fundo de pensão e a Bradespar são os maiores controladores da Vale. Os demais acionistas da Valepar, que ainda não foram alvo de sondagem do empresário, são o BNDES, a japonesa Mitsui e o Opportunity, que detém apenas 0,029% dentro da holding controladora da Vale.
(Por Vera Saavedra Durão, Valor Econômico, 01/10/2009)