Em uma região rural de Nevada prejudicada pela recessão, a salvação parecia estar perto no ano passado. A companhia alemã Solar Millenium anunciou planos para construir duas grandes fazendas para absorver a energia solar e gerar eletricidade, criando centenas de empregos.
Mas a companhia revelou que seu método preferido para o esfriamento das usinas consumia 1,3 bilhão de galões de água por ano, aproximadamente 20% da água disponível neste deserto. Agora a Solar Millenium se encontra em meio a uma versão new-age da guerra por água no Oeste. O público está dividido, com algumas pessoas que esperam vender água e lucrar algum dinheiro ficando contra aquelas preocupadas com o impacto do projeto na comunidade e no meio-ambiente.
Energia renovável pode exigir uma enorme quantidade de água. Muitas das soluções propostas para os problemas de energia dos Estados Unidos, de certos tipos de fazendas solares a refinarias de biocombustível e usinas de carvão mais limpas, poderiam consumir bilhões de galões de água todos os anos. Conflitos a respeito da água podem moldar o futuro de muitas tecnologias de energia. As tecnologias renováveis mais eficientes em relação à água não são necessariamente as mais econômicas, mas a escassez de água pode lhes dar vantagem competitiva.
Na Califórnia, desenvolvedores de energia solar já foram forçados a usar tecnologias que consomem menos água quando as autoridades locais se recusarem a abrir a torneira. Outros projetos solares estão envoltos em grandes disputas com reguladores estatais a respeito do consumo de água. No sudoeste dos EUA, dezenas de usinas multibilionárias foram planejadas para milhares de acres de deserto. Enquanto a maioria das formas de produção de energia consome água, sua disponibilidade é especialmente limitada nas áreas ensolaradas que são melhores para fazendas solares.
Muitos projetos envolvem a construção de usinas térmicas solares que usam tecnologia mais barata do que os painéis solares frequentemente vistos em telhados. Em tais usinas, espelhos aquecem um líquido para criar vapor que movimenta uma turbina gerando eletricidade. Aquele vapor deve ser condensado para voltar à forma líquida e ser reutilizado.
O método convencional é conhecido como resfriamento molhado. Água quente flui por uma torre refrescante onde o excesso de calor evapora junto com parte da água, que deve ser então completada. Uma alternativa, o esfriamento seco, usa ventiladores e trocadores de calor, como o radiador de um carro. Muito menos água é consumida, mas o processo aumenta as despesas e reduz a eficiência - e os lucros.
(The New York Times / Último Segundo, 30/09/2009)