Uma petroleira estatal chinesa está em negociações com a Nigéria visando comprar grandes participações em alguns dos mais ricos blocos petrolíferos do mundo, um negócio que eclipsaria os esforços anteriores de Pequim buscando acesso a petróleo no exterior. A concorrência poderá colocar os chineses em competição com petroleiras ocidentais, entre elas Shell, Chevron, Total e ExxonMobil, que controlam, parcial ou integralmente, e operam, os 23 blocos sob discussão. Dezesseis licenças estão sujeitas a renovação.
A CNOOC, uma das três grandes companhias chinesas no setor energético, deseja adquirir 6 bilhões de barris de petróleo, ou o equivalente a um em cada seis barris das reservas comprovadas na Nigéria, maior produtor de petróleo na África Subsaariana e importante fornecedor aos EUA.
Detalhes das negociações foram revelados em carta do gabinete do presidente nigeriano, Umaru Yar´Adua, à Sunrise, representante da CNOOC, da qual uma cópia foi obtida pelo "Financial Times". O valor total da proposta chinesa não é revelado, mas alguns detalhes sugiram um número em torno de US$ 30 bilhões. Alguns executivos do setor petrolífero dizem que pode chegar a US$ 50 bilhões.
Ainda não há detalhes sobre como o governo nigeriano distribuiria as participações nos blocos à CNOOC e se isso envolveria obrigar as empresas ocidentais a abrir mão de suas participações. "Há graves implicações legais. Ninguém quer ir aos tribunais, mas se chegarmos a isso [ter de abrir mão], então não teremos muita escolha", disse uma fonte na indústria petrolífera.
O empenho chinês para ocupar um espaço significativo na Nigéria evidencia a escala de suas ambições de longo prazo em busca de acesso a recursos energéticos em todo o mundo. Grande parte de seu investimento tem sido para prospecção, em contraste com os blocos nigerianos, que já estão produzindo ou com início de produção programado para breve.
Tanimu Yakubu, assessor econômico do presidente nigeriano, disse que o país quer manter seus "amigos tradicionais", mas que os chineses "estão efetivamente propondo múltiplos dos valores" atuais dos contratos.
(Por Tom Burgis, Financial Times / Valor Econômico, 29/09/2009)