A cidade de São Sebastião do Caí enfrenta a terceira enchente em 49 dias. Após o rio Caí ter subido quase 15 metros acima do seu nível normal, ruas e avenidas ficaram cobertas por mais de um metro de água em alguns trechos. A maioria delas está interditada ao tráfego de automóveis, motocicletas, caminhões e ônibus, mas serve de hidrovia para pequenas embarcações utilizadas no resgate de famílias ou no transporte de mantimentos para as pessoas que escolheram permanecer nas casas alagadas. 'A situação está crítica. Estamos com 40% da cidade embaixo d’água e, pelo menos, 700 desabrigados', afirmou ontem o prefeito Darci Lauermann.
Utilizando um bote, ele viu de perto a situação que enfrentam os atingidos pela enchente. A imagem era de desolação em quase todas as vias dos bairros Navegantes, Vila Rica, Várzea do Rio Branco e Quilombo. 'Estamos com 90% do bairro Navegantes submerso', disse o coordenador municipal da Defesa Civil, Jonas Wust. Nas ruas São João, Coronel Guimarães, Tiradentes, 1º de Maio, Marechal Floriano Peixoto, Pinheiro Machado, Feliz e Montenegro e também na avenida Osvaldo Aranha faltava pouco para que as placas de sinalização do trânsito fossem cobertas pela água. Nas ruas do Centro, a água vertia dos bueiros e bocas de lobo.
Jonas lembrou que o município mal se recuperou das perdas provocadas por uma situação adversa e já enfrenta outra. Na penúltima enchente, em 12 de setembro, o nível do rio se elevou em 13 metros e 30 centímetros. 'Do jeito que está, a água só vai começar a baixar a partir de sexta-feira', projetou.
O soldado Rogério Diemer, do 27º BPM – uma das pessoas atingidas pela inundação – decidiu enfrentar uma das áreas cobertas pelo rio para prestar solidariedade. Ele ficou sabendo que em um bairro vizinho não havia água potável. 'Como tinha dois garrafões de água mineral em casa decidi levar um para ajudá-los', explicou. Na cidade, de acordo com o prefeito, 400 pessoas estão abrigadas em ginásios do bairro Vila Rica e no salão paroquial da Igreja Matriz. As demais foram para casas de familiares ou amigos.
(Por Luciamen Wink, Correio do Povo, 29/09/2009)