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desenvolvimento da amazônia desmatamento da amazônia br-319
2009-09-29

Cientista da Embrapa critica visão externa sobre a Amazônia. Para Samuel Oliveira, realidade local é ignorada nas decisões ambientais

Samuel Oliveira, da Embrapa Rondônia, discorda da maioria das leis ambientais. Especialista em economia agrária, ele defende o uso controlado do desmatamento para trazer desenvolvimento à região amazônica, e acha que a maior parte das decisões ambientais, como a criação de novas leis e de reservas, não leva em consideração as realidades regionais.

O ponto de vista do cientista vai no sentido contrário do que defendem os ambientalistas, mas faz eco ao pensamento de grande parte dos produtores rurais e políticos da Amazônia. “A preservação ambiental é necessária, mas a ocupação humana é imprescindível para haver desenvolvimento”, defende Samuel.

Polêmico, o pesquisador cobra dos outros estados brasileiros a preservação que se exige na Amazônia. “Por que a gente não faz um rateio? Suponhamos que todos os biomas do Brasil deveriam ser preservados em 50% da sua cobertura original. São Paulo quer fazer? O Paraná quer fazer? Rio de Janeiro quer fazer?”, questiona.

Confira, abaixo, os melhores trechos da conversa que a reportagem do Globo Amazônia teve com Samuel Oliveira em Porto Velho:

Globo Amazônia - Ainda é necessário desmatar para desenvolver a Amazônia?
Samuel Oliveira -
Não existe modelo de desenvolvimento em larga escala no mundo que implique em preservação da cobertura vegetal original. Então, quando você fala “pare de desmatar”, [significa] “pare de desenvolver aquelas regiões”. Por outro lado, existe abuso na ocupação da Amazônia. A gente não pode admitir essa vasta área que a gente tem aqui de pastagem degradada, por exemplo. Por que essa área não é mais bem utilizada antes de autorizar a abertura de novas áreas?

O próprio ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, defende o “desmatamento zero”, que seria a utilização de somente áreas já abertas para a expansão agropecuária. Isso não é razoável?
Oliveira -
Nós defendemos a racionalidade do uso dos recursos naturais, mas se instituirmos o “desmatamento zero”, como será no futuro? Não nos interessará mais ocupar esse país que é nosso, desenvolvê-lo de maneira harmoniosa?

Hoje, a legislação ambiental exige que proprietários de terra na Amazônia preservem pelo menos 50% de sua área. Muitos agropecuaristas reclamam que é muito. O que você acha?
Oliveira -
Do ponto de vista técnico, seria razoável analisar caso por caso. Hoje a lei nivela todo mundo: é 50 ou 80% que você não pode desmatar. Tem gente que desmatou 10% e não tinha que desmatar nem cinco, pois não está sendo competente para usar nem do ponto de vista ambiental nem do ponto de vista produtivo. Por outro lado, há outros casos de pessoas que já abriram 50%, tem área de pastagem sendo manejada, e as condições dessa propriedade permitiriam que se abrisse até mais área. Por que proibir, nesse caso?

Então, uma coisa é certa: é necessária uma ampla campanha de melhor utilização de recursos naturais na Amazônia. Mas não é só na Amazônia, não. É no Brasil inteiro. E aliás, se você citar uma região com problemas na Amazônia, existem três, quatro, cinco, fora dela, e as pessoas não abrem os olhos para isso.

Uma das obras mais polêmicas da Amazônia é a reconstrução da rodovia BR-319, que liga Porto Velho a Manaus. Os ambientalistas argumentam que a reforma da estrada, prevista no PAC, pode trazer muita devastação. Essa rodovia é mesmo necessária?
Oliveira -
A construção da BR-319 é imprescindível. Quem gostaria de morar isolado, sem estrada asfaltada? É como morar em uma ilha. Até alguns anos atrás, na divisão política do Brasil elaborada pelo IBGE, Porto Velho era um centro subordinado a Manaus. Hoje, não é mais, assim como Rio Branco. A capital acreana se subordina a Porto Velho, que se liga a Brasília e a São Paulo. Ou seja, a cidade de Manaus está muito prejudicada quanto à influência que poderia exercer em seu entorno por falta de ligação.

Mas a estrada não pode abrir caminho para uma ocupação desordenada, mesmo com a tal “blindagem ecológica”, que prevê a instalação de parques e reservas ao longo da estrada?
Oliveira -
Certamente, abrindo a estrada vamos viabilizar o acesso à terra. Não conheço todo o potencial produtivo dessa região, mas para estabelecer essas áreas de conservação se deveria considerar o potencial agrícola dessas áreas. Mas, se você olhar a história do Brasil, verá que é muito difícil bloquear a ocupação humana entre duas capitais como Porto Velho e Manaus. Isso vai acontecer. Mas é necessário fazer isso de uma maneira mais ordenada e com menor impacto ambiental do que aconteceu no passado.

(Por Iberê Thenório, Globo Amazônia, 27/09/2009)


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