O tempo voltou a fustigar Santa Catarina. Depois de tornados no Oeste e inundações no Sul, uma tormenta despejou sobre o Estado, no fim de semana, pedras de granizo grandes o suficiente para danificar 1,5 mil casas e transtornar a vida de 6 mil pessoas. Nem bem concluíram as estimativas de prejuízo dos outros desastres do mês, os catarinenses voltam a avaliar as perdas com a fúria do clima, desta vez mais distribuída entre as regiões. Da Grande Florianópolis ao Oeste, 15 municípios sofreram com os temporais.

E o tempo ruim deve prosseguir. Hoje, chuva intensa e rajadas de vento prometem ampliar o rastro de estragos e atrapalhar, principalmente, o esforço de reconstrução dos atingidos da vez.

– Não sobrou uma telha – lamentava neste domingo (27/09) Jonas Luciano, 48 anos, protegido sob um teto de lona em sua casa, em Biguaçu.

No Bairro Tijuquinhas, Edgar dos Santos, 44 anos, também sentirá no bolso o efeito do granizo: foram 115 telhas quebradas. Ali perto, no Bairro Cachoeira, Izaías Haskul, 31 anos, se desesperava:

– Estamos apavorados. A água está acumulada e acho que a lona não vai segurar o peso.

Haskul diz nunca ter visto temporal de granizo forte como o da noite.

– Perdi todos os eletrodomésticos. Só tive tempo de proteger a família.

O vizinho Celso José Fusiger, 40 anos, calcula que cerca de 40 telhas de sua casa foram quebradas. Durante o temporal, que durou cerca de oito minutos, ele buscou um lugar mais seguro para se proteger:

– Eu e minha família ficamos na cozinha, único lugar da casa que tem laje – explica.

A chuva também foi intensa em Antônio Carlos, na Grande Florianópolis. O município declarou situação de emergência por causa do temporal. Levantamento parcial da prefeitura mostrou que 3 mil pessoas ficaram desalojadas na área rural do município. Cerca de 650 residências foram afetadas.

– Não tem o que fazer: nesta segunda-feira vamos ver o resultado. Tudo ficou destruído – contou o agricultor João Lopes, 65 anos.

Governador Celso Ramos foi outro município onde o temporal desabou. No Bairro Fazenda da Armação, as ruas ficaram cobertas de pedras de gele, que ainda podiam ser encontradas por volta das 9h30min. Além de telhas furadas, as pedras entupiram as calhas, acumulando água:

– A tormenta está forte e estamos com medo do que venha por aí – dizia o dono de restaurante Moacir Klasen Filho, 40 anos, que, precavido, tinha telhas guardadas.

(Por Ângela Bastos, Diário Catarinense, 28/09/2009)