Uma solução simples para um problema tão complexo. Para inibir a expansão do capim-annoni nos campos, basta manter o pasto alto. A constatação se materializou há dois anos, em uma área de um hectare em Dom Pedrito, quando foi concluída uma tese de doutorado em ecologia em terras do agropecuarista Valter Pötter.
O estudo Ecologia e Dinâmica do Capim-Annoni-2 – Prevenção da sua Expansão, do biólogo Telmo Focht, da Ufrgs, analisou o comportamento da planta, semeada em 27 áreas em diferentes condições. Realizado de 2004 a 2007, sob orientação do agrônomo Renato Borges de Medeiros, o trabalho concluiu que a invasora resistiu a todo tipo de manejo do solo, mas sucumbiu à falta de luz. Para inibir o desenvolvimento das sementes, foi preciso manter junto a elas plantas com altura superior a 10 centímetros, capazes de fazer sombra sobre o solo. 'Com o campo baixo, a luminosidade chega à semente, o annoni entra e não há mais como controlar', diz o criador.
Pötter é dono, também, de uma marca, no mínimo, inusitada. 'Nas minhas propriedades não tem capim-annoni', afirma. Atento às circunstâncias que têm permitido à planta se disseminar feito rastilho de pólvora, o pecuarista incorporou práticas para defender seu terittório. Como as sementes de annoni germinam e se desenvolvem em ambientes dos mais inóspitos, o jeito foi erguer barreiras naturais.
Uma das principais portas de entrada dessa invasora nas propriedades são as beiras de estradas, trazida nos pneus de veículos que passam por ali. 'Deixamos de roçar os acostamentos e criamos, com as plantas nativas, um tampão natural. Nas estradas, plantamos gramíneas como braquiárias e setárias, que são altas e inibem a invasora.'
Nos desembarcadouros, mangueiras e outras vias de acesso à propriedade, o controle também é rigoroso, já que as sementes podem entrar nos cascos dos animais e se instalar no solo.
(Por Renato Borges de Medeiros, Correio do Povo, 27/09/2009)