O lançamento de dejetos nas águas e o mau uso dos recursos hídricos comprometem a situação das principais bacias hidrográficas da região Metropolitana. Utilizada como depósito de esgoto cloacal não tratado pela população, a bacia do rio Gravataí reflete um problema verificado em 99% dos rios. O vice-presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Gravataí, Maurício Cardoso, destaca a necessidade de ações para a manutenção da qualidade e também da quantidade da água. 'Não tivemos grandes investimentos para o tratamento dos esgotos cloacais. Mas, com obras previstas pelos governos, esperamos alcançar um bom estágio de esgoto tratado até 2020, na ordem de 80%', relata.
Para a solução do problema na bacia do Gravataí, também é necessária a ação da comunidade. 'Muitas pessoas optam por não fazer a ligação de sua residência à rede de esgoto dos municípios em função do custo. Reclamam do mau cheiro, mas não tomam uma atitude', coloca, destacando a necessidade de trabalhos de conscientização dos órgãos públicos junto à população.
Outro problema é o lixo depositado ao longo do rio. 'É preciso um destino final ao lixo produzido pelas cidades. Porém, para isso, é necessário a criação de espaços para a colocação de resíduos sólidos', destaca Cardoso, lembrando que os resíduos sólidos acabam gerando chorume, que atinge o lençol freático.
Formada por 190 quilômetros de extensão, além de 3,5 mil quilômetros de arroios, a situação da bacia do Rio dos Sinos também é preocupante. Além do lixo doméstico proveniente dos municípios da região Metropolitana, há ainda o problema da escassez de água, verificada especialmente em função da grande demanda existente no verão.
De acordo com o presidente do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Comitesinos), Sílvio Klein, será elaborado um trabalho para diagnóstico e prognóstico do rio, com conclusão prevista para 2010.
'É preciso discutir com a população o que pode ser feito sobre a bacia', observa. Também está previsto projeto de recuperação da mata ciliar. 'Sem a mata ciliar, não é possível reter a água', afirma o ambientalista. Outra ação é a parceria com produtores rurais. 'Sempre que a vazão do rio está baixa, os agricultores param de bombear as plantações', esclarece. Também estão em discussão no comitê estudos para a construção de reservas de água.
Mesmo assim, ações por parte da população para o racionamento da água são destacadas pelo Comitesinos. 'No Brasil são gastos, diariamente, 200 litros de água por pessoa, mas é possível baixar para 150 litros', calcula Klein.
(Por Tais Dihl, Correio do Povo, 27/09/2009)