As críticas do Ocidente diante do anúncio do Irã de que está construindo uma segunda usina para enriquecer urânio pode ter "um impacto negativo" nas negociações da próxima quinta-feira, advertiu o representante do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ali Asghar Soltaniyeh.
Teerã e representantes do grupo integrado pelos países-membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha, devem retomar o diálogo nuclear em 1º de outubro, em Genebra.
Em declarações à televisão estatal em língua árabe "Alalam", Soltaniyeh disse também que seu país está cooperando de forma plena com a citada agência da ONU e que seguiu o protocolo do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).
"É impugnável que, em vez de valorizar a atividade da República Islâmica e sua iniciativa ajustada à transparência e na colaboração com a AIEA, nos condenem", afirmou Soltaniyeh.
A reação dos Estados Unidos a este respeito foi "desanimadora e simplesmente um espetáculo político", disse o diplomata, também citado hoje pela agência de notícias iraniana "Irna".
O presidente americano, Barack Obama, anunciou na sexta-feira que o Irã está construindo uma nova usina nuclear "de maneira clandestina", e expressou sua irritação com o regime iraniano.
Além disso, exigiu que a nova instalação, aparentemente escondida sob uma colina cerca de 150 quilômetros ao sudoeste de Teerã, fosse aberta às inspeções internacionais, demanda feita também pelos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Rússia, Reino Unido e França).
O responsável iraniano reiterou a oferta de seu país de negociar com todos aqueles que "quiserem retirar as complicações e as preocupações da comunidade internacional sobre o desvio do programa nuclear iraniano de seu objetivo pacífico".
Neste sentido, insistiu em que iniciou os preparativos para permitir as inspeções. O chefe da equipe de negociação nuclear iraniana, Saeed Jalili, pediu hoje que o grupo de países que tratam o tema com o Irã não repita os erros do passado e adote uma linha de boa vontade.
(O Estado de S. Paulo, 27/09/2009)