O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no Reino Unido desde segunda-feira, anunciou nesta sexta-feira (25) em Londres o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue em parceria com o laboratório britânico GlaxoSmithKline (GSK). O custo de desenvolvimento, de 70 milhões de euros (quase R$ 184 milhões), será dividido igualmente entre o governo brasileiro e a gigante farmacêutica.
A GSK participará da montagem de uma unidade de pesquisa e desenvolvimento na Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro. O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento será voltado a tecnologias para a "prevenção e atenção" a três doenças: dengue, malária e febre amarela. Na primeira etapa, a prioridade será o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue.
O ministro admitiu que o desenvolvimento da vacina não é simples: “Primeiro é preciso desenvolver um protótipo, depois produzi-lo em escala semi-industrial, depois testar em animais, depois testar em seres humanos, é um longo caminho a ser desenvolvido.”
Pouco depois do anúncio, a assessoria do Ministério esclareceu que Temporão ponderou que, em um cenário absolutamente otimista, seriam necessários pelo menos cinco anos para que a pesquisa dê resultado . “Sabemos que entre o desenvolvimento de uma vacina e toda a fase de testes leva-se um bom tempo até se pensar no início da produção”, explicou a assessoria.
Segundo Temporão, essa é a primeira parceria público-privada do Brasil na área de produção de vacinas. Mas há uma antiga parceria entre o Instituto Butantan (público, subordinado ao governo de São Paulo) e a francesa Sanofi-Aventis, para o desenvolvimento de vacinas. A semana de Temporão em Londres foi dedicada a fortalecer a indústria farmacêutica e de equipamentos de saúde no Brasil. Empresários brasileiros acompanham a comitiva.
Segundo a pasta, o Brasil tem um déficit de US$ 7 bilhões na balança comercial do setor de saúde, que representa 8% do PIB, movimenta R$ 160 bilhões a cada ano e emprega 10% da população brasileira ativa.
O diagnóstico oficial é que o país é dependente de importações de vacinas, medicamentos, fármacos, reagentes e equipamentos para diagnósticos e equipamentos hospitalares. E que só parcerias vão impulsionar a capacidade local de inovação e produção. “O país deixa de apenas comprar pacotes básicos de transferência de tecnologia para a construção de uma relação que permite o desenvolvimento de insumos desde a sua fase de pesquisa”, afirmou Temporão.
Pesquisas de uma vacina contra a dengue já estão em andamento na Fiocruz mas ainda não conseguiram proteger contra os quatro sorotipos da dengue.
Segundo nota do ministério, a parceria anunciada nesta sexta-feira "é um dos desdobramentos" do acordo de transferência tecnológica para a produção nacional de vacina para pneumococo, assinado em agosto com a Glaxo. A vacina que protege contra meningite bacteriana e pneumonia entrará no calendário nacional de imunização em 2010. O investimento de produção e distribuição será de cerca de 1,5 bilhão de euros (quase R$ 4 bilhões).
De Londes, Temporão segue para Washington, onde assina carta de intenções entre o Instituto Nacional de Câncer (Inca) e o National Cancer Institute sobre cooperação na área de pesquisa de câncer de mama.
(G1, 26/09/2009)