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frigoríficos/agroindústrias passivos da pecuária desmatamento da amazônia
2009-09-28

Em comunicado distribuído nesta sexta (25/09) ao mercado, a JBS-Friboi comprometeu-se publicamente a não comprar mais gado criado em áreas desmatadas na Amazônia após 23 de setembro de 2009. A empresa, terceira maior do Brasil e a maior exportadora de produtos bovinos do mundo, disse ainda que irá tirar da sua lista de fornecedores fazendas envolvidas com trabalho escravo, ou flagradas criando gado dentro de Terras Indígenas ou Unidades de Conservação. 

“Pelo porte da JBS-Friboi, seu compromisso com o desmatamento zero na Amazônia contribuirá para reduzir a imensa pressão que o setor pecuário exerce sobre floresta, além de forçar seus milhares de fornecedores a cumprir a legislação fundiária e ambiental e a respeitar a biodiversidade e os direitos dos povos indígenas da região” disse Márcio Astrini, da Campanha Amazônia do Greenpeace.

A decisão da empresa inclui a obrigação de, num prazo de seis meses, implantar mecanismos de rastreabilidade baseados no mapeamento da produção do gado e excluir, da sua lista de fornecedores, qualquer fazenda vendedora direta de bois para abate (fazenda de engorda) que tenha desmatado no bioma Amazônia depois de 23 de setembro deste ano. Para as fazendas de cria e recria, que fornecem reses para a engorda, o prazo para a implantação do mesmo sistema de rastreabilidade será de dois anos.

Antes da JBS-Friboi, dois outros grandes frigoríficos brasileiros, Marfrig e Bertin, também tinham assumido o compromisso em favor do desmatamento zero. Na semana passada, a JBS anunciou a sua fusão com a Bertin. As duas empresas, combinadas, tem capacidade para abater 40 mil cabeças de gado por dia no país.

A adesão dos frigoríficos à política pelo fim do desmatamento da Amazônia veio na esteira do relatório do Greenpeace “A Farra do Boi na Amazônia”, mostrando como a pecuária se transformou no principal agente de derrubada da floresta na região Norte do país.  Lançado no dia 1º de junho, o relatório mobilizou grandes compradores internacionais de produtos bovinos brasileiros, que deixaram claro para os frigoríficos que não aceitariam trabalhar com fornecedores envolvidos com a devastação da Amazônia.

No Brasil, os principais supermercados, logo depois do lançamento do relatório do Greenpeace, assumiram uma posição em favor do fim do avanço da pecuária sobre a floresta amazônica.  Mas até agora, a Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) não firmou um compromisso claro com a política de desmatamento zero.  “O anúncio da JBS-Friboi pressiona a ABRAS a se comprometer com o fim do desmatamento da Amazônia”, disse Astrini. 

“Ela também acelera a modernização do setor agropecuário no país, fortalecendo inclusive a sua capacidade de competição em mercados internacionais.  Os frigoríficos e varejistas de menor porte, da mesma forma, serão estimulados a seguir o mesmo acordo, sob pena de ficarem sem ter a quem vender não só lá fora, mas aqui no Brasil também”.

(Greenpeace Brasil / Amazonia.org.br, 25/09/2009)


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