Entre os diferentes gases do efeito estufa, o maior vilão é o dióxido de carbono (CO2), emitido pela queima de combustíveis fósseis em automóveis e indústrias no mundo industrializado. Mas o planeta precisa abrir os olhos para poluentes até hoje coadjuvantes nos estudos científicos e nas negociações sobre clima. "A ação mais rápida contra o aquecimento global exige políticas e tecnologias também contra os gases lançados pela queima de lenha para cozinhar e aquecer residências e pelo escapamento de motores a diesel, entre outras fontes", adverte Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep).
Os cientistas estimam que quase 50% das emissões que provocam as mudanças climáticas são os chamados "poluentes não-CO2", como metano, ozônio de baixa atmosfera, compostos de nitrogênio e material particulado - a fuligem, também conhecida como "carbono negro". São poluentes que afetam a saúde humana, os cultivos agrícolas e ecossistemas, como as florestas.
"Nesse momento crítico, quando o mundo se prepara para decidir o futuro do clima, em Copenhague, não podemos negligenciar os demais poluentes que causam o aquecimento", afirma Steiner. Ele diz que essas fontes poluidoras têm peso importante nos países em desenvolvimento. "Ao considerá-las, podemos desenvolver estratégias mais eficazes e menos dispendiosas", destaca o climatologista Drew Shindell, da Universidade de Columbia, nos EUA.
De acordo com dados da ONU, a fumaça com "carbono negro" está entre os poluentes inalados dentro das residências, gerando cerca de 1,8 milhão de mortes prematuras por ano, além das 800 mil provocadas pela contaminação do ar no ambiente externo. Calcula-se que esses poluentes causam entre 20% e 50% mais impactos no clima do que o dióxido de carbono. O ozônio, por exemplo, causa a perda de 5% da produção de cereais nos Estados Unidos. Até 2100, poderá reduzir em 40% a produção agrícola global.
(Valor Econômico, 25/09/2009)