Interessados tentam estimar investimento para fazer 3ª maior hidrelétrica do mundo. Projeção do custo da obra varia de R$ 16 bilhões a mais de R$ 30 bilhões, mas BNDES deve financiar até 80% da construção da usina no Pará
As incertezas em relação ao custo real do investimento para erguer a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, estão retardando a definição dos membros dos consórcios que disputarão o leilão previsto para ocorrer até o fim deste ano. Wilson Ferreira, presidente da CPFL Energia, grupo interessado em participar do leilão, disse ontem que a composição do consórcio dependerá da aferição do valor real necessário para a construção da obra.
"O dado fundamental é saber o valor do projeto, porque é a partir disso que vão se definir as participações no negócio. Estamos estudando o projeto, vamos bater as premissas para saber um valor, e aí se define a quantidade necessária de empreendedores", afirmou. Há uma grande discrepância de valores atribuídos ao projeto. A própria CPFL chegou a apontar investimento de R$ 25 bilhões. A Eletrobrás, dona do projeto, fala em R$ 20 bilhões.
A Alston, potencial fornecedora das turbinas, aponta valores superiores a R$ 30 bilhões. A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) estudou a usina de Belo Monte, reviu custos, reduziu o número de turbinas e disse que a obra pode ser construída com R$ 16 bilhões. Em princípio, a CPFL Energia deve liderar um consórcio, compondo com a NeoEnergia, controlada pela Previ -fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil que também detém um bloco de 31% das ações do Grupo CPFL. A Camargo Corrêa, outra sócia da CPFL, com 25% de participação, pode integrar o grupo.
Ferreira avalia que há chances da formação de dois consórcios, com a chegada de estrangeiros como o grupo Suez, que no Brasil detém os ativos administrados pela Tractebel. "Estamos estudando uma eventual participação no leilão. É uma decisão que não foi tomada ainda. Depende da análise de questões financeiras, ambientais e sociais. Mas estamos prontos para participar em parceria com sócios brasileiros", disse à Folha Gérard Mestrallet, presidente mundial da GDF Suez.
O que agradou aos empreendedores foram as condições de financiamento apresentadas pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Para Ferreira, o prazo de 25 anos para pagar o empréstimo e a elevação do percentual de financiamento de 70% para 80% do investimento são positivos para uma obra do porte de Belo Monte.
(Por Agnaldo Brito, com colaboração de Samantha Lima, Folha de S. Paulo, 25/09/2009)