O poder público e a comunidade de Bagé e região estarão debatendo a temática do meio ambiente, nesta sexta e sabado, durante o I Seminário Regional de Educação Ambiental do Bioma Pampa. O evento acontece nas dependências do teatro da Escola Justino Quintana, a partir das 13h30min de hoje, e amanhã, das 8h30min às 18h. O secretário do Meio Ambiente, Alexandre Melo, explicou que o seminário visa fazer uma articulação para a cidadania ambiental, sugerindo práticas para uma política ambiental adequada.
“Não temos grandes problemas ambientais”, destacou o secretário. Ele argumenta que a realidade econômica de Bagé, sem a presença de indústrias, ajuda a não ter um ambiente degradado. “Temos uma educação ambiental, não tão organizada, mas ela existe”, argumenta. Melo mencionou a participação importante dos educadores das escolas públicas e privadas que trabalham a temática em sala de aula, comunidades dos bairros que servem como vigilantes e ainda a existência de Ongs atuantes, como o Ecoarte, que é uma das mais antigas do Estado.
O seminário também servirá para firmar a cultura da educação ambiental na cidade, abrindo o diálogo para as diferenças que visem soluções que levem em conta a menor forma de agredir o meio ambiente.
Nas últimas semanas, a imprensa do Brasil tem abordado as ações de maior impacto ambiental, uma delas estaria vinculada à atividade pecuária. De acordo com Melo, a pecuária adotada na região da Campanha é um modelo extensivo (desenvolvida em grandes extensões de terras, com gado solto, geralmente sem grandes aplicações de recursos tecnológicos), que promove menor pressão no meio ambiente. Sobre as termoelétricas existentes na região, o secretário menciona que, dificilmente, um investimento de grande porte será feito sem que os responsáveis tomem os cuidados necessários para a proteção do meio ambiente.
O secretário afirma também que Bagé apresenta pequenos problemas isolados, que podem ser facilmente resolvidos. Ele acredita que a educação ambiental deve começar com as crianças, com apoio estrutural do poder público. ”A comunidade pode começar a contribuir, separando desde já o lixo”. O projeto da coleta seletiva deve ser implantado em Bagé no início de 2011.
Impacto
Para Melo, a economia, a sociedade e o meio ambiente formam o tripé do desenvolvimento sustentável. A prefeitura tem recolhido, por mês, cerca de 1,5 mil litros de óleo de cozinha dos restaurantes da cidade. A arrecadação é enviada para uma indústria de Guaíba, para a fabricação de sabão e também serve como matéria-prima para produção de energia. Cerca de 16 escolas da rede pública de ensino estão integradas ao projeto de coleta de lixo seletiva. Melo antecipa que hoje, na abertura do seminário, será assinado o acordo com mais três escolas da rede estadual, que receberão os tonéis seletivos.
A Secretaria do Meio Ambiente, como gestora do aterro sanitário, desenvolveu um projeto que começa a entrar em prática na próxima semana. O secretário argumenta que o projeto é inovador, fazendo com que, por meio dos pneus recolhidos nas borracharias da cidade, sejam fabricados bueiros. Outra iniciativa que está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Federal Sul-rio-grandense é a possibilidade de gerar energia elétrica a partir do gás metano, que irá abastecer o próprio aterro e um assentamento próximo. Melo explica que a planta industrial está concluída, falta agora a captação de R$ 200 mil para executar o projeto.
Outra ideia é trabalhar a preservação dos espaços públicos pela comunidade. A secretaria deverá receber, nos próximos dias, técnicos do Ministério do Meio Ambiente que realizarão um estudo sobre o Arroio Bagé. Um projeto prevê a construção de uma área de lazer na localidade da Panela do Candal e do Paredão, como uma forma de valorizar esses espaços, e, assim, estimular a preservação por parte da comunidade.
(Por Francisco Rodrigues, Jornal Minuano, 25/09/2009)