O investimento, acordado entre o governo do Maranhão e um grupo Alemão, pegou o movimento das quebradeiras de coco de surpresa. De acordo com coordenadora do MIQCB, elas não foram consultadas
O governo do Maranhão anunciou terça-feira (22/09) um acordo com a iniciativa alemã Global Marshall Plan que irá beneficiar as Quebradeiras de Coco Babaçu do Maranhão. Segundo a assessoria do governo, os alemães devem investir R$ 45 milhões nas atividades das quebradeiras.
Procurados pelo Amazônia.org.br para esclarecer os detalhes do acordo, o Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) declarou-se surpreso com o investimento. Segundo a coordenadora geral do MIQCB Maria de Jesus Ferreira, conhecida como Dona Gigé, o movimento não participou do acordo. "A gente também ficou surpresa com a notícia que saiu no jornal ontem. Poxa, eles falam das quebradeiras, e na verdade as quebradeiras - como movimento -não foram consultadas", diz, explicando que o MIQCB sequer sabia da existência desse acordo.
Dona Gigé explica que existem quebradeiras no município anunciado - Gonçalves Dias - mas que essas mulheres não estão em contato com o movimento. "No município que está citado, com certeza tem quebradeiras. Agora o que resta saber é se essas quebradeiras foram consultadas. O movimento não tem atuação nesse município". Até o fechamento da reportagem, o Amazonia.org.br não conseguiu contato com as quebradeiras do município de Gonçalves Dias.
O acordo
Segundo as informações do governo do Maranhão, a Global Marshall Plan investirá R$ 45 milhões no município de Gonçalves Dias, na atividade de 8 mil quebradeiras de coco babaçu que vivem na região.
O projeto prevê a exportação da casca de coco babaçu para a Alemanha, que servirá como substituto do carvão mineral na geração de energia elétrica. Cerca de 500 empregos diretos serão criados no município, e o projeto pode ser expandido para as cidades de Archer, Eugênio Barros, Dom Pedro e Presidente Dutra.
"A grande vantagem do projeto para a população maranhense é que pretendemos facilitar o trabalho das quebradeiras de coco, por meio de fornecimento dos cocos, financiando e administrando a colheita e o transporte da matéria prima às cooperativas, para, em seguida, beneficiar as amêndoas junto com as cooperativas para as fábricas de óleos", afirmou Bernhard Eckner, diretor da Global Marshall Plan.
(Por Bruno Calixto, Amazonia.org.br, 24/09/2009)