A provável venda da unidade da Aracruz em Guaíba para a chilena CMPC por US$ 1,43 bilhão, conforme negociações confirmadas pelas empresas, pode deslanchar o polo gaúcho de celulose. Para especialistas no setor, fornecedores e trabalhadores, um novo dono com melhor saúde financeira em comparação com companhia brasileira tende a acelerar a retomada do projeto de expansão da fábrica, até agora previsto para o primeiro semestre de 2011.
O negócio, motivado pela necessidade de diminuir o endividamento de R$ 13,4 bilhões da Fibria – resultado da união entre Aracruz e Votorantim Celulose e Papel (VCP) – pode ajudar a reavivar o projeto Losango. Planejado ainda pela VCP, prevê uma fábrica de celulose no Sul do Estado. O analista Felipe Ruppenthal, do Banco Geração Futuro, entende que, mais capitalizada e impulsionada pela reação da demanda por celulose e das cotações, a CMPC poderá ser mais rápida na retomada das obras em Guaíba.
– Já o Losango corria o risco de não sair, mas agora a Fibria vai voltar a pensar nele – diz Ruppenthal.
O especialista pondera que a reativação será para longo prazo. No Brasil, a prioridade da Fibria seria duplicar a unidade inaugurada em março em Mato Grosso do Sul. O analista de investimentos Jayme Alves, da Spinelli Corretora, avalia que o negócio, apesar de necessário para a Fibria diminuir o alto endividamento, será equivocado do ponto de vista estratégico:
– Estão se desfazendo de um ativo em que eles já investiram e abrindo espaço para um concorrente no Brasil.
Fornecedores renovam esperanças de negócios
A negociação também é recebida com alívio pelos fornecedores. A Demuth, de Portão, fechou ano passado um contrato para construir o pátio de processamento de madeira da unidade de Guaíba, encomenda de R$ 250 milhões que consumia quase 80% da capacidade da indústria. A obra foi interrompida em janeiro deste ano.
– Os chilenos devem dar continuidade à expansão – diz o diretor comercial Erik Demuth.
Para Eudes Marchetti, sócio-gerente da Tecnoplanta, que fornece mudas de eucalipto para Fibria e Stora Enso, a negociação apresenta um sinal positivo para retomada do setor depois da crise que reduziu em 80% a produção de sua empresa em 2009.
(Zero Hora, 24/09/2009)