Símbolo da guerra contra a gripe A no Estado, as barracas armadas pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre para atender pacientes com suspeita do vírus foram desativadas no final da tarde desta quarta-feira (24/09), depois de três meses e 9 mil atendimentos.
Pela manhã, o Hospital Mãe de Deus havia feito o mesmo com a estrutura especial montada para enfrentar a epidemia. No Grupo Hospitalar Conceição, a desativação de dois contêineres antigripe já completa uma semana. O desmonte dos espaços é consequência de uma boa notícia: a gripe A recuou de forma acentuada no Estado.
A desmobilização hospitalar, no entanto, não pode ser acompanhada de uma desmobilização dos cidadãos, alertam autoridades. A única forma de brecar o retorno do vírus, lembram, é manter as práticas de prevenção.
Os dados não deixam dúvida sobre o declínio dos casos. No meio de julho, ponto alto da epidemia, o Estado teve 331 doentes confirmados em uma semana. Na última semana de agosto, foram só três. Desde então, não houve mais confirmações. O mesmo recuo se verifica nas mortes (ver gráfico).
– Estamos com um número muito pequeno de casos. Não se justifica a manutenção de uma estrutura para atendimento de multidões. Mas existe ainda a possibilidade de se iniciar um novo ciclo. Insistimos em que se mantenham cuidados de prevenção – afirma Francisco Paz, diretor do Centro Estadual de Vigilância em Saúde.
O Clínicas vinha reduzindo sua estrutura gradualmente, para acompanhar a queda na procura. O espaço, que chegou a atender mais de 300 pessoas em um único dia, recebeu só 15 pacientes no domingo.
– O panorama mudou. O Clínicas esteve convulsionado pela gripe A. Agora volta ao normal. As pessoas com suspeita da doença devem procurar uma unidade básica de saúde – diz Sergio Pinto Ribeiro, vice-presidente médico do hospital.
No Hospital Conceição, os dois contêineres montados para combater a gripe A fizeram 12,5 mil atendimentos. Nos últimos 10 dias, não ocorreu nenhuma internação. Durante a epidemia, foram mais de 170.
– Não havia mais necessidade de manter uma estrutura cara. Pelos nossos cálculos, o investimento foi de R$ 8 milhões – revela Neio Lúcio Pereira, assessor médico da superintendência do Grupo Hospitalar Conceição.
Os olhos das autoridades se voltam agora para o Hemisfério Norte, que se despede do verão. A questão é saber se uma segunda onda da gripe vai emergir. Paz afirma que, se houver novo ciclo na metade norte do planeta, ele certamente vai se repetir aqui. Entretanto, se isso acontecer, a vacina já pode estar à disposição. A previsão é que o Brasil tenha as doses em janeiro.
(Por Itamar Melo, Zero Hora, 24/09/2009)