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mst política do agronegócio política fundiária
2009-09-23

Com duras críticas, documento defende atualização dos índices de produtividade no campo

Um grupo de 60 intelectuais, políticos, juristas, representantes da Igreja e sindicalistas, entre outros, divulgou nesta terça (22/09) um manifesto com duras críticas à proposta de CPI apresentada por três parlamentares do DEM para investigar os repasses ao Movimento dos Sem-Terra (MST). O documento defende a atualização dos índices de produtividade no campo. "É contra essa bandeira que a bancada ruralista do Congresso reage. Como represália, busca, mais uma vez, articular a formação de uma CPI contra o MST. Seria a terceira em cinco anos", diz.

Há uma semana, a senadora Kátia Abreu (TO) e os deputados Ronaldo Caiado (GO) e Onyx Lorenzoni (RS) protocolaram na Secretaria-Geral do Senado pedido para apurar transferência de "mais de" R$ 40 milhões da União e R$ 20 milhões do exterior para o MST. O requerimento lista seis suspeitas de "irregularidades e desvios" em convênios com entidades ligadas à agremiação.

De acordo com o Manifesto em Defesa da Democracia e do MST, divulgado ontem pelo próprio movimento, "o ataque extrapola a luta pela reforma agrária" e atinge os avanços democráticos do País. "Se a agricultura brasileira é tão moderna e produtiva, como alardeia o agronegócio, por que temem tanto a atualização desses índices?" E vai além, ao propor CPI "para analisar os recursos públicos destinados às organizações da classe patronal rural".

O documento, que ganhou mais de 400 adesões, aponta "ofensiva dos setores mais conservadores da sociedade contra o Movimento dos Sem-Terra, seja no Congresso, seja nos monopólios de comunicação, seja nos lobbies de pressão em todas as esferas de poder". E alerta para tentativa "de criminalizar" as ações dos sem-terra.

"Ódio das oligarquias"
Pelo texto, "o ódio das oligarquias rurais e urbanas não perde de vista um único dia" o MST. "Esse movimento paga diariamente com suor e sangue por sua ousadia de questionar um dos pilares da desigualdade social no Brasil: o monopólio da terra." Segundo o texto dos simpatizantes do MST, os donos de terra não toleram que movimentos sociais disputem verbas do orçamento para tornar viável a atividade econômica de famílias assentadas."Daí resulta o ódio dos ruralistas e outros setores do grande capital, habituados desde sempre ao acesso exclusivo aos créditos, subsídios e ao perdão periódico de suas dívidas", atacam.

Cinco pessoas respondem pela autoria do manifesto e busca de assinaturas - o ex-deputado Plínio de Arruda Sampaio (PT-SP), o ex-presidente do Incra Osvaldo Russo, o poeta Hamilton Pereira, o escritor Alípio Freire e a socióloga Heloisa Fernandes.

Endossam o documento o crítico literário Antônio Cândido, o jurista Fábio Konder Comparato, o sociólogo Emir Sader, o escritor Fernando Morais, o presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), d. Ladislau Biernaski, o teólogo Leonardo Boff, a presidente da Associação de Juízes pela Democracia, Dora Martins, além de dirigentes do PSTU, PC do B e PSB. A sambista Beth Carvalho e o ator Osmar Prato também o subscrevem.

Procurada para comentar o manifesto e as críticas feitas ao agronegócio, Kátia Abreu não se manifestou.

Leia aqui a íntegra do manifesto contra a CPI que investigará o MST.

(Por Guilherme Scarance, O Estado de S. Paulo, 23/09/2009)


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