Duas usinas hidrelétricas em construção afetam diretamente a vida da Região Norte. A primeira é a Monjolinho, no Rio Passo Fundo, entre os municípios de Nonoai e Faxinalzinho, que abrange também Entre Rios do Sul e Benjamin Constant do Sul. A segunda usina, a Foz do Chapecó, está na divisa de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, no Rio Uruguai, entre a gaúcha Alpestre e a catarinense Águas de Chapecó.
Em Monjolinho, o grupo Desenvix investe R$ 242 milhões. As obras começaram em 2007 e estão prestes a terminar. Serão 74 megawatts de potência, energia suficiente para atender a 2% da demanda do Rio Grande do Sul.
A usina Foz do Chapecó é um dos maiores empreendimentos em construção no país. Com seus 855 megawatts de potência, terá capacidade para abastecer 5 milhões de residências a partir do segundo semestre de 2010. Seria o suficiente para atender a 18% do consumo do Estado e 25% do de Santa Catarina.
O investimento chega a R$ 2,6 bilhões, bancado pela sociedade da Companhia Paulista Força e Luz (CPFL), Furnas Centrais Elétricas e Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).
Das 19 usinas hidrelétricas instaladas no norte do Estado, a maioria é de pequeno e médio portes. A localização não chega a ser fator significativo, porque o sistema de transmissão de energia gaúcho faz parte do Sistema Interligado Nacional (SIN). Isso significa que a produção das hidrelétricas é inserida e transmitida na rede para todo o país.
No entanto, a história seria outra se essas usinas não existissem. As chamadas Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) – com potência de 1 a 30 megawatts – abasteciam toda a região quando foram construídas e ainda não eram interligadas.
– A nossa região não abrange rios com capacidade para construção de grandes hidrelétricas. Aqui estão as nascentes dos grandes rios, como o Jacuí, que nasce em Passo Fundo. Eles se tornarão grandes mais à frente – explica o gerente regional de manutenção da subestação Santa Marta da CEEE, Carlos Argenton.
A Santa Marta, em Passo Fundo, é responsável pelo recebimento de três grandes linhas de transmissão vindas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Uma subestação recebe a energia em alta tensão e a transforma para distribuição. Os investimentos na área de transmissão buscam suprir o crescimento do consumo.
– Temos investimentos com capacidade para atender a região durante sete anos. As subestações de Tapera e Lagoa Vermelha foram expandidas para aliviar a subestação Santa Marta. Antes, ela atendia toda a Região Norte praticamente sozinha, o que deixava o sistema vulnerável – afirma Argenton.
No Estado, a operação da rede básica de transmissão de eletricidade é feita na maior parte pela CEEE. São 15 usinas hidrelétricas próprias, localizadas nos sistemas dos rios Jacuí e Salto e potência instalada de 910 megawatts. Dessas, 10 pertencem ao sistema Jacuí e somam 852 megawatts. Três ficam no norte gaúcho: Forquilha (Maximiliano de Almeida), Ernestina (Tio Hugo) e Capingui (Passo Fundo).
Fora do grande sistema da CEEE, estão duas pequenas centrais da Cooperativa de Energia e Desenvolvimento Rural (Coprel). A Usina do Posto, em Lagoa Vermelha, abastece 3 mil famílias com seus 780 quilowatts. E os 528 quilowatts da Cotovelo do Jacuí, em Victor Graeff, chegam a 7 mil famílias. Ambas beneficiam, principalmente, pequenos produtores.
O parque energético da região pode ser ainda mais reforçado. Outros projeto de usina aguardam estudos na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sem maiores definições de empreendedores. Uma das quais é a Itapiranga, no Rio Uruguai, que passaria por Palmitinho e geraria 724 megawatts a partir de 2016. A Região Norte também apresenta potencial para parques eólicos, que aproveitam a força dos ventos.
(Zero HOra, 23/09/2009)