O Equador está disposto a preservar um trecho de floresta tropical onde há reservas de 900 milhões de barris de petróleo, desde que os países ricos paguem cerca de 360 milhões de dólares por ano para manter esses recursos sob o solo. O dinheiro equivale a cerca de metade do total que o Equador, país integrante da Opep, obteria com a venda do petróleo. A não-exploração do produto evitaria a liberação de até 410 milhões de toneladas de carbono.
"Temos de atacar a causa da mudança climática, que é o uso elevado de energia pelos países industrializados," disse à Reuters o chanceler equatoriano, Fander Falconi. "A mudança climática tem uma origem claríssima (...), o alto consumo de energia dos países ricos."
Alguns países em desenvolvimento na cúpula climática de terça-feira na sede da ONU disseram que os países ricos deveriam pagar pelos danos causados ao clima e compensar países pobres que tomem medidas para reduzir suas emissões.
Esse é um dos assuntos que causam impasse nas discussões sobre um novo tratado climático global a ser definido numa reunião da ONU em dezembro, em Copenhague.
Falconi disse que a desistência em explorar blocos petrolíferos junto ao Parque Nacional Yasuni também serviria para proteger duas tribos indígenas que vivem em isolamento voluntário.
Ele afirmou, no entanto, que o Equador não planeja limitar futuras explorações de petróleo em outras partes do país. "O petróleo é extremamente importante para a economia do Equador, ele sustenta nosso comércio exterior," afirmou.
Ele disse, entretanto, que algum órgão internacional, como a ONU, deveria impor uma taxa global sobre o carbono, para ajudar a limitar as emissões de gases do efeito estufa.
O Equador produz cerca de 450 mil barris de petróleo por dia, e deseja ampliar essa produção no futuro.
Além de participar das discussões climáticas, o chanceler afirmou que iria se encontrar com autoridades colombianas "com cautela" para mapear uma série de diálogos que poderia levar ao restabelecimento das relações diplomáticas bilaterais.
Quito rompeu relações com Bogotá no ano passado, por causa de uma ação militar colombiana contra a guerrilha Farc em território equatoriano. Outros países também condenaram esse ataque.
(Por Terry Wade, Reuters, UOL, 22/09/2009)