O presidente Barack Obama, cujo país é um dos maiores poluentes do planeta, se declarou nesta terça-feira determinado a agir contra o aquecimento climático, mas reconheceu que "o mais duro" ainda deve ser feito até a Conferência de Copenhague em dezembro. "A ameaça imposta pela mudança climática é grave, é urgente e está aumentando", afirmou Obama diante de dezenas de dirigentes do mundo inteiro reunidos na ONU em Nova York para tentar desbloquear as discussões sobre o aquecimento global.
Para Obama, as gerações futuras caminharão para uma "catástrofe irreversível", se a comunidade internacional não agir "audaciosa, rápida e conjuntamente".
"Compreendemos a gravidade da ameaça climática. Estamos determinados a agir. E nós honraremos nossas responsabilidades aos olhos das gerações futuras", prometeu.
Mas, como previsto, o presidente evitou, apesar da pressão dos países europeus e de alguns países ricos sobre os EUA, anunciar uma meta além da já conhecida de levar até 2020 as emissões americanas de gases poluentes ao nível de 1990. Ele defendeu a ação adotada nos oito primeiros meses de sua presidência. Ninguém, entretanto, esperava uma iniciativa tão grande quanto esta da parte de Obama.
A resistência de alguns países ricos como os EUA em aceitar compromissos ambiciosos e a das grandes economias emergentes como a China ou a Índia em se submeter a obrigações geram pressão sobre o resultado da Conferência de Copenhague, destinada a elaborar um novo tratado internacional para substituir o Protocolo de Kyoto contra o aquecimento climático. "Não podemos nos iludir, o mais difíciel ainda deve ser feito até Copenhague", enfatizou Obama.
Ele falou da crise econômica mundial, comentando que ela complica os esforços: "Estamos todos confrontando dúvidas e dificuldades em nossas capitais", disse.
Reconheceu a responsabilidade dos países ricos de dar o exemplo e ajudar financeira e tecnicamente os países menos desenvolvidos a contribuir para a luta contra o aquecimento. Disse ainda que trabalhará para cortar os subsídios públicos para os combustíveis quando reunir os dirigentes do G20 na quinta e sexta-feira em Pittsburgh (leste dos Estados Unidos).
"Mas os países com crescimento rápido, que estarão na origem de quase todo aumento das emissões mundiais de gás carbônico nas próximas décadas, também devem fazer sua parte do trabalho", disse, reivindicando um compromisso de adotar medidas vigorosas.
Os aliados europeus dos Estados Unidos os condenam por não apoiar suficientemente os esforços dos países menos desenvolvidos. Eles os criticam também por não assumir objetivos tão ambiciosos quanto eles: uma redução das emissões de 20% daqui a 2020 em relação a 1990, mais se outros países seguirem.
Eles dizem também que o Congresso leva muito tempo para discutir estes assuntos.
A Câmara dos Representantes adotou um texto que propõe a redução das emissões de 17% daqui a 2020 em relação a 2005.
Mas o texto do Senado está parado, e corre o risco de ir menos longe que o da Câmara.
Inúmeros parlamentares continuarão recusando seus limites obrigatórios, se a Índia e ou a China não os aceitarem. Eles temem que a concorrência econômica seja prejudicada. Este foi o argumento usado também pelo predecessor de Obama, George W. Bush, para recusar as cotas de emissões.
(AFP, UOL, 22/09/2009)