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veículos elétricos indústria automobilística
2009-09-21

Apesar da imagem de fabricante de automóveis mais verde do mundo, a Toyota, empresa que nos deu o ecologicamente correto Prius, ficou para trás na corrida pelo carro totalmente elétrico. A Mitsubishi começou a vender seu veículo totalmente elétrico, o i-MiEV, em junho. No próximo ano, a Nissan deverá lançar seu carro elétrico, o Leaf. Mas a Toyota não pretende lançar um carro todo elétrico até 2012. Em vez disso, no final deste ano pretende apresentar um híbrido elétrico-gasolina para ligar na tomada.

"Por que a Toyota está esperando para lançar o carro elétrico?", questionou Tadashi Tateuchi, ex-projetista de carros de corrida que se transformou em defensor do carro elétrico. A tecnologia elétrica poderá ajudar a definir os vencedores e os perdedores na indústria automobilística do futuro, mas a Toyota tem sido cética quanto aos veículos elétricos. "Ainda não chegou a hora", disse o vice-presidente executivo da empresa, Masatami Takimoto, no início deste ano.

Se a Toyota estiver certa, seus concorrentes terão gasto bilhões numa tecnologia que demorará a ser adotada. Se os carros elétricos conquistarem os motoristas, as rivais da Toyota poderão assumir a liderança. "Em um mundo onde os veículos se movem com elétrons, em vez de hidrocarbonetos, os fabricantes de automóveis terão de reinventar seus negócios", disse a seus clientes Russell Hensley, analista da consultoria McKinsey, em relatório recente.

Mas esse mundo ainda não chegou. A Toyota quer aproveitar tudo o que pode da atual tecnologia antes de mudar para uma nova, dizem analistas, especialmente porque a companhia está enfrentando o segundo ano de quedas, com um prejuízo de cerca de US$ 4,4 bilhões em 2008. "No início, os carros elétricos serão todos pequenos e darão margens de lucros pequenas", disse Maho Inoue, analista automobilístico do Instituto de Pesquisa Daiwa, em Tóquio.

Executivos da Toyota enumeram vários motivos para seu ceticismo sobre os carros elétricos: eles não vão muito longe com uma carga; suas baterias são caras e inconfiáveis; a infraestrutura elétrica para recarregá-los não está bem implantada. Mesmo quando os carros elétricos forem vendidos amplamente, diz a Toyota, só serão adequados para viagens curtas e servirão a um mercado de nicho.

Entusiastas do carro elétrico dizem que a Toyota está sendo cautelosa demais. Avanços nas baterias, assim como nos ímãs necessários para os motores, tornaram os veículos elétricos viáveis, segundo analistas. "Existe um potencial para que os carros elétricos sejam mais fáceis e mais baratos de fabricar do que os carros convencionais, porque sua estrutura é mais simples e tem menos peças", disse Hiroshi Shimizu, professor de estudos ambientais e informática na Universidade Keio, em Tóquio. Além disso, diz, a tecnologia de produção de baterias não é mais complexa do que a dos semicondutores, que já são produzidos em massa.

"A Toyota poderia lançar um carro elétrico amanhã, se quisesse", disse Tateuchi. "A empresa diz que o tempo dos carros elétricos ainda não chegou, mas não é verdade." Enquanto isso, estão se concretizando as condições para uma ampla adoção dos veículos elétricos. Os consumidores parecem mais interessados em carros ecológicos. E os governos apoiam com subsídios e estabelecem padrões de emissão mais rígidos.

Tanto a Nissan como a Mitsubishi têm motivos próprios para produzir rapidamente um carro totalmente elétrico. Após investirem pouco nos híbridos, elas esperam dar um grande salto à próxima tecnologia. O i-MiEV, da Mitsubishi, foi lançado em número limitado no Japão neste ano. A Nissan está lançando alguns híbridos que usam a tecnologia da Toyota, mas seu principal executivo, Carlos Ghosn, disse esperar que o Leaf seja o primeiro veículo elétrico produzido em massa no mundo. Ele faz até 145 km/h, percorre 160 km entre recargas e custa entre US$ 25 mil e US$ 33 mil.

Também existe um imperativo ambiental: embora o mais novo Prius use 4,7 litros por 100 km (21 km/litro), como híbrido ainda queima gasolina e emite carbono. Em uma provocação aos híbridos da Toyota, Ghosn disse: "Você pode fumar muito ou pouco, mas é um fumante".

(Por Hiroko Tabuchi, The New York Times / Folha de S. Paulo, 21/09/2009)


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